São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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O custo do plebiscito

VALDO CRUZ

Brasília - Esta é a semana decisiva para o futuro da emenda da reeleição. O governo já definiu: ou a emenda vai a votação e é aprovada ou o caminho será o plebiscito.
O clima entre os governistas, mais uma vez, é de "já ganhou". Com ou sem o apoio oficial do PMDB. O governo confia que, na hora de declarar o seu voto, o deputado peemedebista irá lembrar dos cargos que tem nos ministérios e órgãos federais.
Na hipótese de tudo correr errado -ela existe, apesar de ser pequena-, a tática é evitar a votação e, então, convocar a voz rouca das ruas. FHC pode até fazer pronunciamento na televisão defendendo o plebiscito.
A consulta popular, se tivesse sido escolhida desde o início, poderia ter evitado toda essa confusão em que o governo se meteu. As acusações de cooptação de votos de deputados não seriam uma ameaça constante.
Agora, porém, uma ala do governo considera o plebiscito uma saída de alto risco. Não pelo seu resultado -os governistas acreditam cegamente que a população votaria a favor de FHC, concedendo-lhe o direito de disputar um novo mandato.
Mas seus efeitos podem ser fatais para o Plano Real. O governo pode acabar adiando algumas medidas corretivas no plano econômico para evitar uma queda na popularidade de FHC. Tudo em nome de mais quatro anos.
Um líder governista diz o seguinte: "Podemos repetir o mesmo filme do Plano Cruzado. O presidente José Sarney, para eleger uma leva de governadores em 86, não fez os ajustes necessários no Cruzado. Foi fatal".
Os cálculos de alguns governistas indicam que são necessários pelo menos seis meses entre a convocação e a realização de um plebiscito. Tempo demais, na avaliação deles, para postergar ajustes no Plano Real.
O sinal definitivo de que o plebiscito pode atrapalhar a vida da equipe econômica virá do resultado da balança comercial de janeiro. O déficit deve ficar novamente acima de US$ 1 bilhão, indicando que algum ajuste precisa ser adotado no curto prazo.

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