São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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A revolução em marcha

JANIO DE FREITAS

A aquisição final dos votos necessários à reeleição começou a meio da semana passada, mas foi na véspera e no dia mesmo da votação que o vale-tudo -levado a extremos jamais alcançados no "bas-fonds" da política -deu ao comando fernandista alguma certeza de alcançar os 308 votos e, quando já ficava difícil protelar mais o início da votação, a certeza absoluta de que a aprovação se daria até com folga.
Três fatores finais tiveram relevância especial. Se, em função do primeiro deles, Fernando Henrique Cardoso fosse cumprir todos os compromissos que assumiu com deputados para fazê-los votar pela reeleição, esgotaria todos os recursos financeiros de dois mandatos e não cumpriria todo o combinado. São milhares de quilômetros de estradas, incluindo a Norte-Sul, a Transnordestina, a reconstrução da Transamazônica; são hidrelétricas, linhas de importação de eletricidade venezuelana, extensões de linhas internas; pelo menos um grande porto (no Espírito Santo) e, para não cansar com mais exemplos de igual magnitude, até a criação de dois novos territórios, o de Rio Negro e o de Solimões, amputando o Amazonas. Sem contar os compromissos de recursos federais para prefeituras incontáveis.
Os deputados, em geral, não estão fazendo segredo desses compromissos com eles assumidos por Fernando Henrique ou encaminhados por ministros e por ele autorizados, pessoalmente ou em telefonema ao interessado nas vésperas da votação. A divulgação dos compromissos até interessa aos deputados, porque ajuda a explicar a virada do voto, quando isso se deu, e sempre para aparentar-se defensores de interesses do seu eleitorado.
Como boa parte da bancada do PTB se mostrasse ainda irritada, pelo que considera a armação do governo contra o deputado Pedrinho Abrão, e o comando governista temesse aí uma represália, o comando fernandista providenciou uma solução adotada já na terça-feira, poucas horas antes da votação reeleitoral: 31 votos na Comissão de Constituição e

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