São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Desnutrição prolonga internação

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de prejudicar o doente, a prevalência da desnutrição entre os pacientes do SUS acarreta um prejuízo para a rede pública de saúde.
Isso acontece porque o paciente desnutrido demora mais para responder à medicação, o que aumenta o tempo de ocupação de um leito, e tem três vezes mais chances de apresentar complicações, como novas doenças e dificuldade de cicatrização, o que aumenta os gastos com medicação.
Segundo Maria Isabel Toulson Davisson Correia, co-autora da pesquisa, o tempo de internação de um paciente desnutrido é até três vezes maior que o de um paciente bem alimentado, de acordo com estatísticas mundiais.
O desnutrido ainda apresenta mortalidade cinco vezes maior que os doentes sem deficiências nutricionais.
"A manutenção da desnutrição é uma medicina ruim e um péssimo negócio", diz Daniel Magnoni, um dos autores da pesquisa.
Economia
Segundo Dan Waitzberg, presidente da SBNPE (Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral), os recursos gastos com nutrição hospitalar podem significar uma economia, na verdade.
Segundo cálculos feitos pela entidade, no Estado de São Paulo, cada R$ 1,00 gasto com nutrição hospitalar significariam R$ 4,00 economizados em tempo de internação e medicação extra.
Mas o tratamento não é barato. Os custos de uma alimentação parenteral giram em torno de R$ 150 por dia por paciente. A nutrição enteral custaria cerca de R$ 30.
Segundo o Ministério da Saúde, o custo médio total diário de um paciente do SUS hoje é de cerca de R$ 200.
Waitzberg afirma que o custo não é alto. "Para tratar uma infecção contraída por um paciente desnutrido, o governo teria que comprar um antibiótico sofisticado, que custa até R$ 100 por ampola. E são necessárias três doses diárias, durante 15 dias."
Na cidade de São Paulo, segundo estimativa feita por Waitzberg, os gastos com nutrição pelo SUS deveriam ser 300% maiores que os atuais. E isso acarretaria um aumento de 1% no orçamento da saúde na cidade.
Os pacientes mais suscetíveis à desnutrição são os que se recuperam de cirurgia, de infecções crônica e aguda, de traumas e de câncer.
(RV)

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