São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Especialistas vêem falhas

ALTINO MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ACRELÂNDIA (AC)

O pesquisador Phillip Fearnside, do Departamento de Ecologia do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), teme que a experiência dos seringueiros agrave os estragos ambientais causados pela exploração madeireira.
"É preocupante que o manejo florestal possa se estender às reservas extrativistas, que foram áreas criadas para preservação", diz Fearnside.
Para ele, o problema no futuro será "controlar os seringueiros, quando o volume de madeira chegar ao limite".
No princípio, segundo o pesquisador, o estoque original é lucrativo porque estará sendo manejado um volume acumulado em centenas de anos.
Outro problema, segundo Fearnside, é que a madeira da Amazônia (com exceção do mogno) tem menor valor comercial do que a que é explorada, por exemplo, na Malásia.
"Nem tudo o que nascer na área dos seringueiros terá valor comercial", diz ele.
Mas ele concorda que o manejo de madeira seja aplicado de forma moderada até que seja possível alterar a base de renda das populações tradicionais da Amazônia. Acha, porém, que o melhor investimento seria manter a floresta intocada.
"A manutenção da biodiversidade biológica constitui um serviço ambiental para o qual os beneficiários, em diferentes parte do mundo, podem estar dispostos a pagar", afirma.
Produtividade
Outro crítico do projeto é Paulo Kageyama, especialista em genética e conservação de florestas tropicais.
Ele sugere a criação do que chama de "Ilhas de Alta Produtividade" nos antigos roçados, para melhorar a produtividade das seringueiras.
"Essa é uma alternativa para a melhoria do extrativismo, sem ferir os princípios das reservas (uso e real conservação da biodiversidade)."
O pesquisador considera que propostas de manejo como a do CTA são bastante avançadas em relação à exploração desregrada feita atualmente pelas madeireiras. Ele também critica o fato de que a biodiversidade não seja um ponto importante no manejo da madeira.

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