São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Indústrias consomem mais de 40% da energia da CPFL

Equilíbrio na demanda e baixo endividamento são atrativos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias representam 2% dos clientes da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), mas consomem 41,7% da energia distribuída pela estatal, que será privatizada no dia 5 de novembro.
Entre as indústrias localizadas na área de atuação da CPFL, estão empresas como Rhodia, Alpargatas, Pirelli, Goodyear e Votorantim, cujo grupo é um dos interessados na privatização.
Os dez maiores clientes industriais consomem 21,4% da energia que a CPFL distribui ao setor (veja quadro nesta página). Esse percentual equivale a 8,9% de toda a energia distribuída pela empresa.
O relativo equilíbrio entre consumidores industriais, residenciais e comerciais é apresentado como um dos principais atrativos na privatização da CPFL.
A estatal distribui 18% da energia elétrica consumida em São Paulo, atuando no nordeste e no centro-oeste, duas das regiões mais ricas do Estado. Campinas e Ribeirão Preto estão entre as cidades atendidas.
A boa situação da empresa é a origem da principal crítica a sua privatização, comandada pelo secretário de Estado da Energia, David Zylbersztajn.
O Sindicato dos Eletricitários de Campinas afirma que o Estado será prejudicado com a venda de uma empresa que foi saneada, deu lucro de R$ 77 milhões no ano passado e tem uma dívida considerada pequena (R$ 109 milhões).
Além disso, o número de consumidores vem crescendo a cada ano. Eram 1,95 milhão em 92 e hoje são 2,4 milhões, com expectativa de expansão constante.
Para completar o quadro, a CPFL tem indicadores de qualidade superiores à média brasileira.
Há dois índices básicos para medir a performance de empresas elétricas: FEC (Frequência de Interrupção) e DEC (Duração de Interrupção). A DEC da CPFL em 96 foi de 8,6 horas por ano, contra 25 horas por ano da média brasileira. Na FEC, a diferença foi de 6,53 interrupções por ano na CPFL contra 20,26 no Brasil. A perda de energia, de 6,2% em 1996, também ficou abaixo da média do país.
O dia 28 de outubro será crucial no processo de privatização da CPFL. Nessa data, a Bovespa divulgará a relação dos interessados na empresa aprovada pelo DNAEE (Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica).
Mas a pré-identificação não implica presença automática no leilão do dia 5. Para participar, os interessados deverão dar garantias no valor de 10% da avaliação mínima das ações, ou R$ 177,2 milhões.
Serão leiloados, pelo método de envelopes fechados, 57,6% do capital com direito a voto e 41,06% do capital total da empresa. O preço mínimo dessas ações foi definido em R$ 1,77 bilhões.
A privatização será concluída entre os dias 11 e 21 de novembro, com a venda de até 10% do capital total da empresa aos empregados.

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