São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Hora da espera vira tortura para parceiro

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mentir a hora da festa, ir sozinho, sair para dar uma volta, escrever um livro enquanto ela se apronta -gente de ambos os sexos diz qual a melhor atitude a tomar quando uma mulher demora horas se arrumando.
"Fui convidada para um churrasco à tarde que, na verdade, era um jantar à noite. O pessoal me avisou que era para chegar tipo três horas, e eu cheguei às seis. Não havia ninguém, só os garçons arrumando tudo. Pensei: meu Deus, a festa acabou. Acho que foi a única vez que cheguei a algum lugar antes da hora", conta a advogada Cláudia Guida, 34, cujos amigos mentiram o horário do jantar.
O marido da empresária Simone de Souza, 36, o aeronauta Rogério Jordão, 27, lembra a única vez em que a mulher chegou no horário. "Foi no dia do nosso casamento. Contratei os músicos só por uma hora. Se ela não chegasse, eles iriam embora." Jordão não espera.
"Muitas vezes, eu a deixo se arrumando e vou sozinho", diz. Ele conta que Simone chega a demorar cinco horas para escolher a roupa. "São 150 pares de sapatos e dois quartos de roupa: quando nos casamos, ela passou seis meses para trazer tudo da casa da mãe."
"Eu quero ser a mais bonita da festa", diz Simone. "Se passo a tarde no cabeleireiro e não gosto do resultado, meto a cabeça no chuveiro quando chego em casa."
A universitária Flávia Eluf, 28, diz que nunca se atrasa, mas entende o problema. "É cada cabelo crespo, ruim, que não dá. Eu tive a sorte de nascer bonitinha (leia depoimento ao lado)."
"Não existe mulher feia, existe mulher mal arrumada", discorda Simone de Souza. "Algumas realmente acham que com qualquer trapo ficam lindas."
Paciência
Em vez de se aborrecer, o arquiteto Mario Gouveia, 35, procura se divertir enquanto a mulher se arruma. "Saio de casa para dar uma volta. Geralmente, vou a um happy hour. Ela sabe onde me encontrar e me liga quando está pronta", diz.
Outro que se ocupava quando a mulher ia para a frente do espelho era o comediante norte-americano Groucho Marx. Ele escreveu um livro enquanto esperava.
"Este livro foi escrito durante as longas horas em que esperei que a minha mulher se vestisse para sairmos", escreveu Marx, na apresentação de "Memórias de um Pinga-Amor".
O jornalista Valmeron de Bona ganhou o livro de Marx de presente da mulher, Adriana Monteiro. "É muito bom. Bate direitinho com o problema lá de casa."
Bona diz que Adriana demora tanto para tomar a decisão da roupa, que sempre deixa a maquiagem para fazer no carro. "E não dá para ser com o carro andando, pois borra tudo", conta.

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