São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Mulher é maioria em escola e universidade

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As mulheres brasileiras são exceção nas estatísticas sobre educação em países de Terceiro Mundo. Enquanto a regra geral é de menos escolaridade para as mulheres, no Brasil elas passam mais tempo na escola e são maioria no 2º grau e no ensino superior.
A taxa de analfabetismo feminino ainda supera a dos homens no país, mas apenas por causa das mulheres com mais de 40 anos.
Esses dados constam do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil elaborado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que mostra como as brasileiras superaram os brasileiros em termos de educação a partir dos anos 90.
"As famílias deixam as meninas ficarem na escola e os meninos entram no mercado de trabalho. Nos países que resolveram seus problemas educacionais, há uma tendência ao empate", diz a cientista política Maria Helena de Castro, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
A média de anos de estudo das mulheres no país em 95 era de 5,7 anos, e a dos homens, 5,4, segundo os dados mais atualizados disponíveis. Apenas cinco anos antes, os homens, com 5,1 anos, superavam os 4,9 das mulheres.
Para a primeira-dama Ruth Cardoso, antropóloga e presidente do conselho da Comunidade Solidária, esse dado "é importantíssimo" e ressalta o papel da mulher no processo de combate ao analfabetismo.
"Em muitos outros países nós temos uma resistência quanto ao acesso das mulheres à educação", disse ela no seminário em que foi discutido o programa "Toda Criança na Escola", que tem por objetivo colocar no sistema de ensino 2,7 milhões de crianças de 7 a 14 anos.
"As mães são também diretamente interessadas em que seus filhos estejam no sistema educacional. É sempre uma contingência que faz com que a criança deixe a escola e nem sempre as mães têm a força para recolocá-las", disse.
Rosiska Dárcy de Oliveira, presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, diz que a maior presença feminina no sistema de ensino nacional é uma revolução e representa "progresso extraordinário".
"Em nenhum país da América Latina a matrícula das mulheres supera a dos homens como ocorre no Brasil. Aqui, em geral, a mulher permanece na escola", diz.

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