São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Trinta perguntas para Ian McEwan

ARTHUR NESTROVSKI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como contar o que não pode ser contado? Como preservar a incompreensibilidade do que é incompreensível? Como evitar a traição do evento pela compreensão? E a traição de si? Será possível escrever num modo não-simbólico?
Será possível repetir, com palavras, uma forma de conhecimento perpetuamente adiado? Será possível casar, afinal, o imaginário e o real? Quem é capaz de testemunhar, sem se adonar de um fato? Quem é capaz de ser testemunha de si?
Como evitar a sedução da narrativa? Como escapar do que é bonito? Como deslocar o domínio da escrita para além do artesanato e da dominação? Como escrever tudo isto com palavras? Como escrever?
Como chegar a esse conhecimento do que não se deixa apreender pelo pensamento, nem pela memória, nem pela fala? Quais são os limites da representação? Quando o que está em jogo não é uma questão só de técnica, mas de escrúpulo?
Como fazer coincidir a narrativa e o testemunho? A história e a leitura? Quais são os limites da metáfora? Será possível reter cada impressão como uma primeira impressão? Será possível ver tudo de novo como pela primeira vez? Será possível estar presente à nossa própria vida? Como fazer a experiência entrar no real?
Como combater o sentimento de não sentir mais nada? Como preservar a literalidade do evento? Como distinguir, de maneira clara, entre psicologia e ética? Será possível juntar de novo o narrador consigo mesmo? Como traduzir tudo isto em palavras? Como traduzir?

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