São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Futuro das obras ainda é incerto

DO "THE INDEPENDENT"

Ainda é cedo para dizer que parcela das obras de arte poderá ser salva no patrimônio de Assis. Se tudo correr bem, é possível que até 80% possa ser recuperada. "Devem sobrar pelo menos ilhas de decoração, que poderão ser interconectadas por técnicas de restauração", disse uma restauradora.
Os restauradores dizem que já há sinais de uma luta de poder entre os especialistas locais e o Instituto Central de Restauração, em Roma. Enquanto se procura um local adequado para a recomposição dos pedaços recuperados dos afrescos, empresas do setor privado com bons contatos no governo já estão se mexendo para tirar o contrato, potencialmente lucrativo, das mãos dos legítimos amantes da arte.
Ainda há muito por fazer. O painel de Giotto pode estar sendo examinado e catalogado, mas o Cimabue ainda se encontra dentro da igreja, empurrado para dentro de duas colunas. Devido à precariedade do edifício, ninguém está a par de toda a extensão dos danos sofridos pelos afrescos que retratam o ciclo da vida de São Francisco, também de Giotto ou seus discípulos, ou por outras obras importantíssimas como o magnífico Crucifixo de Cimabue.
Além de possíveis rachaduras, todos estão recobertos por espessas camadas de pó resultante da queda das paredes, pó este que está lentamente corroendo as tintas. Pedaços das paredes ainda estão caindo, com ou sem tremores posteriores, se bem que o chão já esteja recoberto de colchões e cobertores, colocados para impedir que as obras se pulverizem ao cair.
Os restauradores têm recebido pouca ou nenhuma ajuda do governo. Quase toda a equipe de restauradores é composta de voluntários, com o apoio de religiosas Florença. Sem fazer alarde, a equipe trabalha em barracas improvisadas no pátio diante da entrada da igreja superior.

Texto Anterior: Assis expõe riscos da arte na Itália
Próximo Texto: A pedagogia do prazer
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.