São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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O que diz a garrafa

PAULO FERRETTI

Formatos podem indicar os tipos e as regiões produtoras de cada vinho
Tão simples e corriqueira nos dias de hoje, as garrafas de vidro são -junto com as rolhas- grandes colaboradoras para a longevidade e a manutenção da qualidade dos vinhos.
O fato de o vidro ser impermeável e não-poroso impede o contato do vinho com o ar e evita a sua oxidação e rápida deterioração. Outro ponto a favor é que o vidro não possui odores que interferem e modificam os aromas da bebida.
No entanto, só no século passado, as garrafas de vidro foram difundidas (antes os vinhos eram armazenados em tonéis de madeira). Foi nessa época também que seus formatos foram se diferenciando, e cada região adotou um específico. Na França surgiram os tipos mais famosos como o Bordeaux, o mais conhecido até hoje, de gargalo curto, "ombros altos" e vidro verde escuro, para vinhos tintos, ou transparente, para os brancos.
As garrafas no formato de Bourgogne, de "ombros inclinados", também são utilizadas até hoje pelos vinhos à base da uva Pinot Noir.
Vinhos alemães e da região da Alsácia, na França, adotam geralmente garrafas mais estreitas e compridas em vidro verde ou marrom. Na Itália, os Chianti usam uma garrafa tradicional, de base bojuda, revestida de palha e chamada de Fiasco. Atualmente, caiu em desuso por causa do custo adicional de colocar a palha e por não poder ser armazenada horizontalmente.
A tendência atual do mercado em padronizar ao máximo todo e qualquer produto vem diminuindo a diversidade de garrafas, mas ainda sobrevivem alguns formatos clássicos como o das Clavelin, da região do Jura, na França, e as garrafas baixas, redondas e de gargalo curto, chamadas de Bocksbeutel, utilizadas por vários vinhos alemães, chilenos e portugueses muito conhecidos dos brasileiros, como os Calamares e os Mateus.
A garrafa de champanhe também tem sua particularidade: para aguentar a pressão do líquido espumante, é feita de vidro bem mais grosso que o normal.
Os tamanhos das garrafas influenciam a vida útil do vinho. A capacidade padrão é de 750 ml. Existem garrafas com volumes diferentes como a meia (375 ml) e outras maiores, como nomes exóticos, como Jeroboam (3 l) ou Nabucodonozor (15 l ou 20 vezes uma garrafa padrão).
O certo é que garrafas menores tendem a envelhecer mais rapidamente, sendo uma boa opção para os que pretendem experimentar mais cedo safras recentes. Em contrapartida, quanto maior a garrafa, mais longo é o tempo de envelhecimento do vinho.

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