São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997 |
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PT vai aceitar Brizola como vice de Lula
CARLOS EDUARDO ALVES
Trata-se de uma tentativa de evitar a saída prematura de Lula do páreo presidencial. Brizola se ofereceu para secundar Lula há quase dois meses, não entusiasmou os interlocutores, mas agora o sim à proposta é visto no PT como indispensável para dar sobrevida à possível candidatura de Lula. Ocorre que, com a evidente má vontade do PSB de cacifar novamente a corrida presidencial de Lula, o PT entende que uma aliança com o PDT é a última chance de manter viva a perspectiva de fugir de um palanque solitário em 98. Os caciques petistas acham que uma dobradinha Lula-Brizola não acrescentaria votos ao petista, além de, pior, permitir a soma de duas rejeições altas. Mas, ao aceitar a idéia do pedetista, o PT acha que amarra temporariamente Brizola, enquanto tenta dar o presente que o ex-governador fluminense realmente quer: o apoio a uma candidatura de seu partido ao governo do Rio. Lula está na Itália, participando de encontros sindicais e de conversações com a esquerda daquele país. Viajou na semana passada desanimado com a dificuldade de reunir outras legendas em torno de sua possível candidatura. O petista volta amanhã e, na próxima segunda-feira, viaja novamente, agora para a Alemanha. O objetivo é fugir das pressões dos que o querem candidato a qualquer custo. Lula, nas conversas com os amigos, não mostra ânimo em disputar nova eleição presidencial, mas sabe que dificilmente conseguirá fugir da tarefa. O risco é que uma recusa abriria nova página na interminável novela da divisão dos grupos petistas, pela falta de um substituto consensual. Cenários A dificuldade de montar um palanque não atordoou somente Lula. José Dirceu, presidente nacional do PT, também não esperava tantos obstáculos. Dirceu viajou para a Argentina e tinha volta prevista para ontem à noite. A partir de hoje, o dirigente vai examinar a maneira de tentar mudar a posição de diretórios do PT resistentes a alianças com outros partidos nas eleições para governos estaduais. Aloizio Mercadante, um dos vice-presidentes do partido, repetiu ontem a avaliação que Lula vem fazendo no PT. "O Lula só será candidato com alianças nacionais e estaduais", declarou. A frase é endereçada a diretórios específicos. O PSB quer o apoio do PT no Amapá, no Pará, em Alagoas e em Pernambuco. As maiores resistências estão nos dois últimos Estados. Com o PDT, o nó é no Rio. Depois de tentar acalmar Brizola com o sim à sua dobradinha com Lula, a cúpula petista vai investir para reverter a tendência da maioria do diretório fluminense a favor de uma candidatura própria ao governo estadual. Não será fácil. Na última eleição municipal, Lula e Dirceu boicotaram a candidatura do petista Chico Alencar à prefeitura carioca para forçar a adesão ao pedetista Miro Teixeira. O desastre eleitoral de Miro e o bom desempenho de Alencar tornam mais difícil a tentativa de impor ao PT fluminense a submissão ao interesse de Lula. Texto Anterior: CCJ devolve processo para sustar mandato Próximo Texto: Para Brizola, cadeia pode unir esquerda Índice |
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