São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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Britânico Simon Singh explica seu best-seller matemático

JOSÉ GERALDO COUTO
DO ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

Um dos fenômenos editoriais mais surpreendente dos últimos tempos é o sucesso do livro "O Último Teorema de Fermat", do britânico Simon Singh, 33.
O livro trata da busca empreendida por dezenas de gerações de matemáticos para demonstrar um teorema enunciado em meados do século 17 pelo francês Pierre de Fermat. Só em 1995 um matemático britânico, Andrew Wiles, realizou a demonstração, conquistando fama internacional.
Singh, um físico que se tornou jornalista especializado em ciência, deu à Folha sua explicação para o sucesso do livro, que, em três meses, vendeu na Inglaterra mais de 60 mil exemplares.
"Acho que, em nosso tempo, as pessoas em geral estão mais abertas para o universo maravilhoso que a ciência abre. Já haviam sido escrito livros de interesse geral sobre astronomia e genética, mas ninguém tinha mostrado a beleza do universo dos números. Isso é o que o meu livro tenta fazer."
Dramas pessoais
Além do aspecto lúdico e de desafio mental contido nos problemas matemáticos, o livro tem como atrativo também os dramas dos homens envolvidos com eles.
"A história de Wiles é a história de um garoto que, aos 10 anos, sonha em um dia resolver o mais difícil problema matemático do mundo. Ele cresce com essa obsessão e, por causa dela, se afasta de todas as outras pessoas. Ele falha, avança, fracassa de novo e finalmente triunfa."
O drama de outros personagens de carne e osso pontua o livro. "É uma história de tragédias, mistérios, paixões", disse Singh, e deu alguns exemplos.
No século 19, uma francesa disfarçou-se de homem para estudar matemática e tentar resolver o problema. Em 1958, um matemático japonês se suicidou por não conseguir chegar à solução.
Inversamente, no início do século 20, um industrial alemão foi salvo do suicídio pela leitura do teorema, que o intrigou ao ponto de oferecer um prêmio a quem o demonstrasse.
Há três meses Wiles finalmente ganhou o prêmio legado pelo industrial: 100 mil marcos (cerca de US$ 65 mil).
Antes de publicar o livro (que sairá no Brasil pela Record), Singh fez para a BBC um documentário sobre o assunto, premiado pela Academia Britânica como o melhor de 1996. "Eles acharam meu filme mais interessante do que um documentário sobre Elton John", ri o autor.
(JGC)

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