São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indefinição de Lula anima Tarso

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O pouco entusiasmo de Luiz Inácio Lula da Silva com uma nova candidatura presidencial ressuscitou a chance de Tarso Genro concorrer pelo PT ao governo federal.
"Aceito rediscutir a questão da candidatura desde que meu nome seja colocado junto com outras opções do PT", disse Tarso ontem em Lisboa. Entre os nomes que exige que sejam incluídos como candidatos potenciais Tarso listou Olivio Dutra e Cristovam Buarque (governador do Distrito Federal).
Tarso, ex-prefeito de Porto Alegre, desistira oficialmente da disputa há cerca de dois meses por entender que não seria mais possível viabilizar outro nome no partido que não fosse o de Lula.
A mudança de rota ocorreu na última sexta-feira, quando Tarso telefonou da Alemanha para Lula. Na conversa, o líder petista deu sinais de retirada do páreo presidencial e pediu mais uma vez que o interlocutor examinasse a possibilidade de encabeçar a chapa do partido para o Planalto.
Tarso, que disputa com Dutra o direito de concorrer pelo PT ao governo gaúcho, afirmou que poderia reconsiderar a decisão anterior, mas que não estava disposto a ficar dependendo do vaivém de Lula sobre sua candidatura presidencial.
O temor de Tarso é que, se seu nome voltar a circular com força como possível candidato presidencial, pode estar se despedindo da chance de concorrer no Rio Grande do Sul.
No raciocínio de Tarso, se Lula, enfim, decidisse enfrentar FHC, ele ficaria sem nenhuma das duas possíveis candidaturas. Por isso, exige que Dutra também tenha assento na mesa dos presidenciáveis petistas, para não sofrer sozinho o prejuízo gerado por um sim de Lula à candidatura presidencial.
Oficialmente, é lógico, Tarso negou que a exigência de levar junto com o seu o nome de Dutra para a discussão presidencial tenha como objetivo a divisão de ônus. "O Olivio é uma ótima opção para o governo gaúcho e para a Presidência da República", declarou.
A indecisão de Lula está desnorteando o PT. A análise predominante no partido ainda é que Lula, se sair de campo agora, jogará a legenda em nova crise, já que Tarso não seria mais uma alternativa consensual, como chegou a ser antes de Lula autorizar que seu nome fosse levado para negociações com outras agremiações.
Dirceu
O presidente nacional do PT, José Dirceu, confirmou ontem que seu partido vai sugerir a PSB e PC do B que Leonel Brizola (PDT) seja o candidato a vice-presidente da República em eventual chapa a ser encabeçada por Lula.
Dirceu vai amanhã a Recife discutir a questão com o governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), que é contra uma terceira candidatura presidencial de Lula.
O dirigente petista tentou esvaziar ontem a tendência de Lula recusar a candidatura. "O Lula só vai se decidir em dezembro. E até agora não surgiu um outro nome que amplie a aliança que pretendemos construir para 98", disse.
Para Dirceu, o que está segurando a definição de Lula é a dificuldade de fechar alianças estaduais. "Os dois principais problemas são Rio e Pernambuco", declarou.
No Rio, Brizola exige que o PT apóie a candidatura do PDT ao governo estadual. Mais do que ser vice de Lula, Brizola quer mesmo é o apoio petista a seu candidato no Estado.
Em Pernambuco, o PT local faz oposição a Arraes.

Texto Anterior: Governo anuncia pouco nos EUA
Próximo Texto: PT negocia com PMDB se Requião for candidato
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.