São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Cresce inadimplência na compra de carros

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de compradores de carro a prazo com prestação em atraso superior a 30 dias cresceu 260% nos últimos 12 meses.
Em setembro de 96, os bancos das montadoras tinham uma carteira de 500 mil clientes e os inadimplentes somavam 12.500.
No final do mês passado, o número de devedores atingiu 45 mil, para um total de 780 mil contratos de financiamento.
Há 12 meses, os inadimplentes representavam 2,5% dos financiamentos concedidos pelos bancos ligados aos fabricantes. Agora os devedores já são 6% do total.
O levantamento é da Anef, a associação nacional das empresas financeiras das montadoras, responsáveis pelo financiamento de cerca de 50% dos veículos vendidos a prazo nas concessionárias.
Marcus Vinicius Moya, presidente da entidade e diretor do Banco Volkswagen diz que "a inadimplência está assustando o setor", embora esteja abaixo dos níveis registrados em outros segmentos do varejo.
Segundo ele, o crescimento do índice de prestações em atraso é provocado pela deterioração da capacidade de pagamento dos clientes. "O consumidor, atraído pelas prestações menores e prazos mais longos, fez mais dívidas do que tinha condições de assumir."
O presidente da Anef admite que os bancos têm responsabilidade no aumento da inadimplência. Com o acirramento da concorrência entre as marcas e a necessidade de queimar estoques, houve, na avaliação de Moya, falta de rigor na concessão de crédito.
"Agora os bancos estão agindo com mais cautela e pedindo mais garantias". Para o presidente da Anef, a inadimplência na venda de carros a prazo já atingiu o pico.
Negócio emocional
Cláudio Opermann, gerente de operações do Banco Ford, concorda com a avaliação de Moya. Diz que a inadimplência preocupa e que os bancos precisam ser mais rigorosos na liberação dos financiamentos. "Não dá para fazer loucuras e negócios emocionais".
Entre 5% e 6% dos clientes do Banco Ford estão hoje com as prestações do crédito direto ao consumidor ou do leasing (aluguel com opção de compra) atrasadas em mais de 30 dias. Esse volume é bem maior que o índice histórico do banco, que é de 2%.
O aumento da inadimplência também obrigou as concessionárias a alterar planos de financiamento, embora o risco total da operação de crédito acabe ficando com a instituição financeira.
Luiz Francisco Viscardi, da revenda Sorana (Volkswagen), diz que as concessionárias estão deixando de financiar até a entrada para evitar prejuízos.
ara Vitório Rossi Jr., da Primo Rossi (rede Volks), as concessionárias que mais se arriscam a levar calote são as que transformam parte da entrada em parcelas intermediárias para quitação no longo prazo. Para reduzir o risco, algumas revendas fazem seguro da parcela financiada diretamente. Se não receberem, o seguro cobre o prejuízo.

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