São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Para governistas, pacote trará desgaste imediato

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os principais líderes dos partidos governistas avaliam que o pacote fiscal provocará um desgaste político imediato, mas consideram que até as eleições de 98 haverá tempo para o governo mostrar que as medidas estão corretas, evitando, assim, a perda de votos.
Os líderes também avaliam que o presidente Fernando Henrique Cardoso terá um ganho adicional com o pacote: assumirá a posição de estadista, ao colocar em risco o seu projeto de reeleição para defender a estabilidade da economia.
"Tem desgaste? Tem. Vai ter repercussão eleitoral? Vai. Paciência. O presidente vai assumir o bônus e o ônus. Adotar essas medidas a 11 meses das eleições demonstra a seriedade e a visão de estadista do presidente", disse o líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG).
O líder tucano acrescentou que o governo adotou as medidas por responsabilidade e por pragmatismo: "Se não fizesse agora, colocaria em risco o Real. Então, vamos pagar o preço agora, e não depois das eleições, como ocorreu no Cruzado 2".
"Bom remédio"
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou estar confiante no sucesso das medidas e descartou a possibilidade de o governo sofrer prejuízos eleitorais.
"Vai ser um bom remédio. Teremos resultado em poucos meses, e o povo vai compreender que é esse o caminho", disse ACM. Ele afirmou que os parlamentares que não apoiarem o pacote poderão ser "punidos" pelos eleitores.
O presidente nacional do PFL, deputado José Jorge (PE), foi mais reticente: "Se o governo conseguir recuperar a confiança no real, o resultado político será positivo. Se a inflação aumentar, o resultado será ruim. O governo terá ganhos se gerenciar bem o plano", disse.
Para o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), as medidas não terão só repercussões políticas e eleitorais negativas. "O governo perde de um lado e ganha de outro, porque demonstra coragem de tomar medidas amargas."
Arruda afirma, porém, que o pacote fiscal não é um remédio definitivo: "É dolorido, mas não cura a doença. Só diminui a febre. Além de aplicar a injeção, teremos de fazer uma cirurgia".
"O povo paga"
O presidente nacional do PPB, senador Esperidião Amin (SC), estava entre os mais confiantes e entusiasmados com o pacote fiscal. Ele disse que não teme por prejuízos eleitorais em decorrência das medidas amargas adotadas.
"O povo quer o Real, paga pelo Real, e não quer abrir mão dele. O sentimento hoje é de que o Real está em perigo. E, em defesa do Real, o povo aceita fazer sacrifícios."
O presidente do PPB afirmou que o partido vai reafirmar o apoio a FHC na convenção nacional que realizará hoje. Os líderes do PPB irão até o Planalto levar o apoio ao presidente e ao pacote fiscal.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), afirmou que não haverá desgaste eleitoral em função do pacote.

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