São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Planet Hemp passa outra noite na prisão

ABNOR GONDIM

ABNOR GONDIM; CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz da 1ª Vara de Entorpecentes de Brasília, Vilmar Pinheiro, deverá apreciar hoje o pedido de relaxamento de prisão apresentado em favor dos seis integrantes da banda carioca Planet Hemp. Eles são acusados de fazer apologia do uso de maconha.
Os integrantes da banda foram presos em flagrante anteontem de madrugada, após show para 7.000 pessoas. O espetáculo foi gravado por policiais da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes como prova do suposto crime.
O advogado Nabor Bulhões afirmou no pedido de relaxamento de prisão que eles foram presos ilegalmente, pois inexistem provas da alegada apologia da maconha. Bulhões foi contratado pela gravadora da banda, a Sony Music.
Ele defendeu o empresário Paulo César Farias, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello.
Policiais da Delegacia de Entorpecentes apreenderam um desenho da planta de maconha e colares com a folha da erva levados por fãs que tentaram visitar os músicos na prisão.
O líder do grupo Marcelo Maldonado Peixoto, o Marcelo D2, 30, disse que a prisão pode inspirar uma nova música, possivelmente em defesa do consumo e do plantio da maconha.
"A gente não deve mudar de posição, mas, por enquanto, é melhor não falar nada para não complicar ainda mais as coisas".
O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), defensor da legalização do uso da maconha, visitou ontem o grupo na prisão, juntamente com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa de Brasília, Antonio Cafu (PT).
Minas
Os integrantes da banda carioca vão ter de responder a outro inquérito, também por apologia ao uso de drogas, aberto pela 2ª Delegacia de Tóxicos de Belo Horizonte (MG).
O delegado William Leroy, chefe da delegacia, disse ontem que quatro integrantes da banda foram citados como suspeitos no inquérito, mas ele disse que não se lembrava dos nomes deles.
Os músicos e técnicos da banda ficaram detidos por cinco horas em Belo Horizonte, na madrugada de sábado, para prestar depoimentos ao delegado.
Leroy disse que aguarda pelo resultado da perícia em objetos que foram apreendidos durante uma busca na bagagem do Planet Hemp: um chaveiro em forma de folha de maconha, uma ponta de cigarro e uma caixa metálica, contendo uma erva.
Marcelo D2, disse, antes de viajar para o Distrito Federal, que a erva encontrada é artemísia, uma planta medicinal. Ele também negou que a banda faça apologia ao uso de drogas.
O show da banda em Belo Horizonte, que estava marcado para a noite da última sexta-feira, foi cancelado por determinação do juiz Eli Lucas de Mendonça, da 5ª Vara Criminal do Fórum de Belo Horizonte.

Colaborou Carlos Henrique Santiago, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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