São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Efeitos recessivos preocupam a Fiesp

MAURÍCIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de considerar o pacote fiscal do governo indispensável neste momento, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) teme os efeitos recessivos das medidas.
"Ainda é cedo para analisar com profundidade as medidas, mas elas foram fortes e duras", disse ontem o presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira.
Após três horas de reunião com empresários para avaliar o pacote, Moreira Ferreira afirmou que as medidas anunciadas e as atuais taxas de juros, consideradas por ele "exorbitantes e extravagantes", poderão comprometer o nível de emprego e poderão conduzir a um processo recessivo da economia.
"Imaginávamos que os pacotes haviam sido eliminados, mas não fizemos a lição de casa e ele foi necessário", disse.
A lição de casa, no caso, são as reformas administrativa, previdenciária e tributária.
"Ficou evidente, com o que aconteceu, a necessidade das reformas; confiamos na ação do Congresso e do presidente Fernando Henrique Cardoso", acrescentou Moreira Ferreira.
Sem previsões
O presidente da Fiesp não quis fazer previsões sobre crescimento industrial e desemprego até o final do ano.
"O desempenho das empresas nos próximos dois meses depende da continuidade ou não das taxas de juros nos atuais níveis", disse.
Entre as medidas do pacote que foram mais criticadas está o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de alguns produtos, como bebidas e veículos.
"Esse aumento de alíquota trará consequências complicadas para a indústria", afirmou o presidente da Fiesp.
Moreira Ferreira acredita ainda em algum repique da taxa de inflação, resultado principalmente do aumento dos preços dos combustíveis.
Chance perdida
Para Mário Bernardini, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos), o governo perdeu a chance de realizar as reformas constitucionais e agora estaria correndo atrás do tempo perdido.
"O governo fez uma aposta que poderia levar os déficits público e em conta corrente no longo prazo, desvalorizando gradualmente o real. Eles perderam a aposta e nós que pagamos a conta", disse.
Segundo o empresário, o pacote é recessivo, mas se espera que seja de curta duração.
"Se o Congresso tivesse aprovado as reformas, com o apoio do governo, estaríamos em situação bem melhor e não seríamos a bola da vez", disse.
(ME)

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