São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997 |
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Venda de veículos cai já em novembro
MAURICIO ESPOSITO; SUZANA BARELLI
"As vendas devem cair até 40% já em novembro e, como consequência, os estoques das concessionárias devem pular de 20 para até 60 dias", diz Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (associação que reúne as revendas de automóveis). Para Silvano Valentino, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o pacote é "catastrófico" para o setor automotivo. "Haverá um forte impacto no consumo", diz o presidente da Anfavea. Os principais pontos que desagradaram o dirigente foram o aumento do IPI sobre Segundo Valentino, o aumento do IPI sobre veículos é "inaceitável e o governo tem de voltar atrás nessa determinação". O presidente da Anfavea afirma que as montadoras ainda não dimensionaram o tamanho da queda nas vendas de veículos em decorrência do pacote fiscal. Os fabricantes também não definiram o reflexo disso na produção. As vendas permaneceram praticamente paradas nos últimos dias, mesmo com os bancos das montadoras mantendo as taxas antigas de juros no financiamento direto ao consumidor. Valentino lembra que os impostos cobrados no Brasil estão entre os mais altos do mundo. Antes do aumento, o IPI variava de 8% (modelo "popular") a 30% (luxo). Sérgio Reze diz que a saída para as concessionárias é reduzir os estoques (hoje em 122 mil carros) e negociar com as montadoras formas alternativas de comprar veículos. "A indústria poderia deixar o veículo em consignação nas concessionárias. Não podemos arcar com o custo dos estoques", diz. Otimismo Apesar de a perspectiva de queda nas vendas, os representantes das duas associações afirmam que o governo agiu acertadamente ao divulgar as medidas. "Reconheço que, neste momento, o governo não tinha outra saída", afirma Valentino. Sua expectativa é que o governo acelere as reformas para resolver o problema dos impostos. Para o presidente da Fenabrave, as medidas foram no caminho certo e visam evitar um mal maior. "O Brasil tinha de tomar a medida. O prejuízo criado agora pode ser recuperado em seis meses, um ano. Se o governo não fizesse nada, viveríamos uma situação parecida com o Plano Cruzado, quando a inflação voltou logo após as eleições." As montadoras instaladas no Brasil informaram que estão estudando as medidas para depois se manifestar. (MAURICIO ESPOSITO e SUZANA BARELLI) Texto Anterior: Efeitos recessivos preocupam a Fiesp Próximo Texto: Comércio já prevê faturar 9% menos Índice |
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