São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Comércio já prevê faturar 9% menos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O pacote fiscal anunciado ontem pelo governo resultou numa revisão imediata das expectativas de vendas do comércio para o ano.
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP) acredita agora que o faturamento real das lojas deve cair 9% em 1997 em relação ao de 1996, e não 6% como foi previsto anteriormente.
A venda física também deve cair ainda mais. A estimativa inicial era de uma redução de 3,5%. O novo cálculo da FCESP aponta agora para uma queda de 5%.
Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da federação, diz que o consumo vai diminuir ainda mais por causa da combinação entre a alta dos juros e do IR (Imposto de Renda) das pessoas físicas.
O aumento do IR só vigorará a partir de janeiro de 1998, mas o efeito psicológico da medida e do pacote fiscal em geral, afirma Borges, provoca queda do consumo.
"Alguns setores podem sentir menos os efeitos das medidas por causa do Natal, período no qual as vendas tradicionalmente crescem. Mas, a partir de 1998, a queda do consumo será mais intensa."
A FCESP refez também as expectativas de vendas para o Natal. A previsão de queda de 8% no faturamento real foi refeita para 13%. Na venda física, a estimativa de queda de 4,5% foi recalculada para 6%. A comparação é feita com igual período de 1996.
Na análise de Borges, ainda é cedo para avaliar se o comércio vai reduzir ainda mais as compras -já tímidas- da indústria. Ele acha que em 15 dias os lojistas terão uma idéia mais clara do comportamento do consumidor.
Assim que soube do conteúdo do pacote fiscal, Michael Klein, diretor da Casas Bahia, também alterou as suas projeções de vendas.
Nos seus cálculos, a sua empresa deve faturar neste Natal 20% a menos do que em igual período do ano passado. Antes da alta dos juros e do pacote fiscal a expectativa era de queda de 10% no período.
Para Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o aumento dos preços dos derivados de petróleo é a medida que vai causar impacto imediato no consumo.
Segundo Alfieri, as altas taxas de juros já foram suficientes para esfriar o varejo, sobretudo os setores que dependem da venda a prazo.

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