São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997 |
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Pacote contribui para nova queda da Bolsa de Buenos Aires, de 5,7% LUCAS FIGUEIREDO LUCAS FIGUEIREDO; LÉO GERCHMANN
LÉO GERCHMANN O pacote de ajuste na economia brasileira contribuiu ontem para uma nova queda na Bolsa de Buenos Aires, de 5,69%. Apesar de ter sido bem recebido pelo mercado argentino, o pacote anunciado ontem em Brasília foi interpretado como sinal de redução da atividade econômica e das exportações ao Brasil -sobretudo de automóveis. Ainda assim, o economista argentino disse que as medidas adotadas pelo governo brasileiro são melhores que uma mudança no câmbio. Alemann afirmou que a desvalorização do real "custaria mais" para a Argentina que o pacote fiscal. Nesse caso, prevê ele, o crescimento da economia em 98 poderia ser de apenas 2% a 3% do PIB (Produto Interno Bruto). "O melhor que pode correr à Argentina é que o Brasil permaneça estável. Ter o principal sócio do Mercosul entre os países de baixa inflação atrairá investidores estrangeiros", disse Alemann. Automóveis O alívio causado com o anúncio do pacote econômico no Brasil, que significa perspectiva de estabilidade na região a médio prazo, não foi, porém, suficiente para animar a Bolsa de Buenos Aires. As ações que mais caíram foram justamente as de empresas ligadas ao setor automotivo -o que mais perde com a perspectiva de diminuição da atividade econômica no Brasil. "É possível que, durante alguns meses, vendamos menos automóveis", disse Alemann. Até 94, as exportações de veículos argentinos representavam somente 10% da produção local. Neste ano, a Argentina deverá produzir 440 mil veículos, sendo 50% destinados à exportação. Mais de 90% das vendas externas de automóveis são dirigidas ao Brasil. "É inevitável que a queda na atividade econômica brasileira represente uma redução também na Argentina", afirmou o analista econômico Marcelo Bonelli. Mais de 30% das exportações da Argentina são direcionadas ao mercado brasileiro. Antes de embarcar para o Brasil, o secretário de Indústria e Comércio da Argentina, Alieto Guadagni, afirmou que a crise nas Bolsas forçou o governo brasileiro a antecipar ajustes na economia que seriam feitos somente depois da eleição presidencial do próximo ano. "Essa crise nas Bolsas é bem-vinda porque serve para chamar a atenção. No caso concreto do nosso sócio (Brasil), vai desencadear reformas econômicas que, de outra maneira, teriam sido adiadas para depois da eleição". Texto Anterior: Sobe 400% valor da taxa de embarque Próximo Texto: Mercosul pode elevar tarifa de importação Índice |
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