São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997 |
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Roque Fernández elogia o Brasil
DANIEL BRAMATI; FERNANDO GODINHO; WILLIAM FRANÇA
"Em 96, na Argentina, todos diziam que não era necessário elevar impostos, que isso provocaria recessão. Eu aumentei, reduzi o déficit e o país está crescendo 8%", disse Fernández, que acompanha a visita do presidente Carlos Menem ao Brasil. O presidente Menem também aplaudiu o aperto fiscal brasileiro. Ontem, ele voltou a ouvir de FHC a promessa de que o real não será desvalorizado -medida que seria catastrófica para as exportações argentinas. "Estou de acordo com as medidas, tomadas de forma corajosa e valente pelo presidente Cardoso. São basicamente as mesmas que tomamos há um tempo", afirmou. Para Menem, o pacote é "imprescindível" para tornar o peso argentino e o real protegidos contra ataques especulativos. Segundo o ministro Fernández, a avaliação de que o aumento de impostos provocará recessão no Brasil "não é feliz". "Toda medida que fortaleça as finanças públicas fará cair os juros. O déficit público só provoca aumento de endividamento, com consequente elevação de juros e redução de investimentos." As declarações foram feitas em entrevista à imprensa argentina, ontem à tarde, à qual a Folha teve acesso. Outros integrantes da comitiva argentina não demonstraram otimismo e expressaram temor de que haja recessão. "Pode ser que as medidas afetem um pouquinho a atividade econômica no Brasil. Mas, com toda a convulsão internacional que tem acontecido, um certo desaquecimento interno pode ser enfrentado. Esperamos que não seja demasiado", disse Guido Di Tella, chanceler argentino. O subsecretário de Integração Econômica Americana e de Mercosul da chancelaria argentina, Alfredo Morelli, disse que uma recessão na economia brasileira está sendo encarada como "um custo da integração comercial". Morelli avalia que a pior consequência do crash na economia argentina é um eventual descontrole da economia brasileira. "Se o Brasil vai bem, nós também vamos bem. Temos que compartilhar os custos dessa crise." "Acreditamos que o Brasil vá sair da crise", disse o secretário de Indústria e Comércio da Argentina, Alieto Guadagni, que já foi embaixador no Brasil. Desvalorização Roque Fernández afirmou que a estratégia brasileira é "correta" por afastar a hipótese de desvalorização cambial. "Uma modificação cambial só traria más consequências. O México e outros países que acreditaram na desvalorização para resolver seus problemas só geraram incertezas e queda dos salários." Apesar de dizer que a Argentina não precisa tomar "medidas adicionais" para enfrentar a crise, Fernández ressaltou que o governo não hesitará na defesa da paridade entre o peso e o dólar. "Estamos estudando medidas fiscais a longo prazo, mas, diante de qualquer problema, tomaremos as providências necessárias." Na manhã de ontem, FHC e o ministro Pedro Malan (Fazenda) explicaram aos seus colegas argentinos o teor das medidas. Foi uma atitude protocolar, pois o governo argentino já vinha sendo informado sobre as medidas durante toda a semana passada. Colaborou William França, da Sucursal de Brasília. Texto Anterior: Mercosul pode elevar tarifa de importação Próximo Texto: Argentina descarta medidas fiscais Índice |
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