São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Saída rápida da crise ainda é uma das hipóteses econômicas viáveis

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A combinação de juros estratosféricos, aumento de impostos e redução de gastos públicos pode gerar um cenário do tipo "quanto pior, melhor". Ou seja, o remédio seria dos mais amargos, mas de ação rápida.
Se os efeitos positivos esperados sobre as contas externas surgirem em poucos meses e, nos mercados internacionais, o furacão asiático terminar, a descompressão poderia começar no segundo trimestre de 1998. Prazo que seria ainda suficiente para fazer de FHC o candidato imbatível nas eleições presidenciais de 1998.
A variável-chave na definição dos vários cenários econômicos no Brasil a partir de agora é portanto o "timing" dos resultados.
Há dois elementos em favor desse cenário. Primeiro, a economia já se encontrava em desaquecimento. É o contrário de 1995, quando a alta dos juros não foi capaz de compensar com rapidez a intensidade do consumo e da expansão do crédito que vinham por conta da estabilização recente.
Outro elemento em favor do "quanto pior, melhor" é o fato de que falta ainda cerca de um ano para o povo comparecer às urnas.
Em contraponto a este cenário otimista, há o cenário "sangue, suor e estabilidade". A economia estaria apenas entrando no ciclo de ajuste, que não estará concluído enquanto não houver uma mudança na política cambial.
Como a estabilidade do câmbio é o único trunfo eleitoral do presidente FHC, não haveria como sair da recessão em 1998. O presidente iria para as eleições adotando um discurso à la Churchill na Segunda Guerra. É o que fez o ministro do Planejamento, Antonio Kandir, ontem pela televisão. Pediu sacrifícios em nome da retomada do desenvolvimento no futuro. Este ainda é o cenário mais realista.
O cenário mais pessimista, entretanto, é o do choque cambial. Imagine que o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, subitamente mudasse de idéia sobre as relações entre ajuste cambial, inflação e credibilidade. Ele passaria a acreditar que é melhor surpreender os especuladores e a oposição do que ser arrastado por um ataque especulativo total. Outra hipótese, ainda no cenário de choque cambial, é o Gustavo Franco continuar o mesmo, mas o mercado desconfiar da sua eficiência e abandonar o real.

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