São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Quanto pior, mais rápido

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Desde tempos imemoriais existe a crença em rituais de sacrifício como forma de purgar males. Nos anos 80, a chamada década perdida, essa crença voltou com força nos pacotes de política econômica que iam sucessivamente tentando recuperar a confiança dos credores nas economias devedoras. Com o arrocho fiscal e de juros, o governo recoloca o ritual purificador em primeiro plano.
É como se, de repente, a administração de doses cavalares de um remédio que não funcionou em situações menos graves adquirisse dons miraculosos e curativos.
Nesse cenário, os investidores rapidamente perceberiam a seriedade do governo, sua capacidade de cortar a própria carne e seu desapego a preocupações de natureza política.
Além do aspecto psicológico, o cenário do "quanto pior, melhor" repousa sobre um mecanismo econômico objetivo. Afinal, é razoável esperar que a dureza do ajuste sirva também para gerar resultados rapidamente.
A queda no consumo, na produção e nos investimentos rapidamente provocaria uma queda nas importações. Haveria mais produtos para exportar e, com a ajuda de esquemas financeiros oficiais, a balança comercial voltaria ao azul. As taxas de juros altas ajudariam a trazer de volta os capitais assustados. Plim, a crise sumiu.
(GS)

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