São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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China e Rússia fazem acordo de fronteira

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Os presidentes da China, Jiang Zemin, e da Rússia, Boris Ieltsin, assinaram ontem em Pequim um acordo para definir as linhas dos seus 4.300 mil quilômetros de fronteira comum.
O tratado, que vem sendo negociado negociado desde 1991, busca terminar as disputas territoriais que se arrastam desde o século 17.
China e Rússia promovem a sua quinta reunião de cúpula nos últimos cinco anos. A reaproximação entre os dois países contrasta com os dias de rivalidade da Guerra Fria, nos anos 60 e 70.
Em 1969, já divididos por questões ideológicas no movimento comunista, Moscou e Pequim chegaram à beira da guerra total empurrados por conflitos territoriais
Com a desintegração da União Soviética e o fim da Guerra Fria, acelerou-se a reaproximação.
Jiang e Ieltsin também assinaram acordos comerciais. O principal deles abre caminho para a construção de um gasoduto da Sibéria (parte asiática da Rússia) até a região leste da China, num projeto avaliado em US$ 12 bilhões.
Os dois governos colocam agora o aumento do comércio como uma das prioridades da agenda bilateral.
Eles querem que as relações econômicas reflitam a atual aproximação política entre os dois gigantes.
O volume de comércio bilateral atingiu no ano passado apenas US$ 7 bilhões e foi anunciada a meta de US$ 20 bilhões para o fim deste século. Somente as exportações e importações entre China e Japão, por exemplo, atingiram US$ 60 bilhões em 1996.
Jiang e Ieltsin, em entrevista coletiva, repetiram o discurso feito nas últimas reuniões de cúpula. Disseram que a "parceria estratégica" entre Moscou e Pequim não significa "uma aliança contra um terceiro país".
O terceiro país em questão é os Estados Unidos. Rússia e China já demonstraram irritação diante do atual cenário geopolítico, marcado pela hegemonia norte-americana.
Os dois países defendem a idéia de um "mundo multipolar", ou seja, sem apenas uma superpotência, no caso os EUA, como centro decisório.
Jiang e Ieltsin rejeitam a idéia de "uma aliança contra um terceiro país", pois não podem comprometer suas relações com Washington. Os dois países precisam dos investimentos norte-americanos para mover suas reformas pró-capitalismo.
Ieltsin, que chegou no domingo, viaja hoje para Harbin, nordeste da China, no último dia de sua visita. Ele vai visitar uma cidade chinesa marcada pela influência dos vizinhos russos na arquitetura local e no comércio, com a presença de diversos produtos da Rússia.

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