São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Anistia acusa Japão de maltratar presos

Órgão relata agressões a estrangeiros

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estrangeiros detidos no Japão correm sério risco de serem espancados, humilhados ou sexualmente agredidos, disse ontem a organização não-governamental Anistia Internacional (AI).
Relatório da organização, sediada em Londres, afirma que as agressões contra os presos são cometidas por funcionários da imigração, carcereiros e policiais.
Uma porta-voz da embaixada japonesa em Londres disse que o governo japonês rejeitou as alegações da AI e tinha enviado uma carta com mais de 50 páginas à organização rebatendo as acusações.
A AI afirma em seu relatório que alguns presos estrangeiros foram brutalmente punidos por pequenas violações das regras secretas que governam as prisões.
Outros foram vítimas de métodos de interrogação violentos, enquanto algumas pessoas confinadas em centros de detenção foram isoladas do mundo externo durante meses sem supervisão judicial, disse a organização. Muitos não receberam assistência médica adequada.
Alguns detidos foram maltratados por causa de sua raça ou nacionalidade, e citaram declarações racistas de policiais e carcereiros, disse a AI.
Dados de 1995 mostram que, só em Tóquio, estavam detidos 25 brasileiros.
A Anistia disse que seu documento relata as queixas de cidadãos da China, Coréia do Sul, Dinamarca, EUA, Egito, Irã, Iraque, Nepal, Nigéria, Paquistão e Peru.
"Os estrangeiros no Japão correm sério risco de maus-tratos se detidos, e o governo torna muito difícil para eles obterem compensação. Por muito tempo as autoridades japonesas tentaram encobrir o seu tratamento racista contra os estrangeiros. Se o governo japonês quer ter um papel mais proeminente no cenário internacional, deve limpar primeiro o seu próprio quintal", disse Susan Waltz, representante da Anistia.
O relatório da AI cita um egípcio contando que os guardas da prisão o deixaram nu, o chutaram na barriga repetidas vezes e o atacaram sexualmente com um bastão quando ele estava em prisão solitária, em 1994. "Quando você deixa o Centro de Detenção de Tóquio você não é mais um ser humano", afirmou o ex-detento.

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