São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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ACM endurece crítica a aumento do IR

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), endureceu o discurso contra o aumento do Imposto de Renda da Pessoa Física. Afirmou que vai lutar pela rejeição da medida, mesmo que o governo não encontre fontes alternativas de arrecadação e que, se perder a batalha, estará "com o povo brasileiro".
"Estou cada vez mais convencido de que o aumento do Imposto de Renda não deve passar", disse ACM. Ele ainda fez uma ameaça ao governo: "A posição do governo é de conciliar com o Congresso, até porque, na democracia, nada passa sem o Congresso".
O presidente do Senado reafirmou que, se o governo insistir em manter o aumento do IR, o Congresso irá rejeitar a medida. Ele negou que isso prejudicaria a imagem do país no exterior. "Meu ponto de vista é que o Imposto de Renda pode ser abolido sem nenhum prejuízo para o governo."
As declarações de ACM foram realizada logo depois de um almoço com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, na casa oficial da presidência do Senado.
O senador negou que Parente tenha ido a seu encontro como emissário do presidente Fernando Henrique Cardoso, para que voltasse atrás em suas críticas ao pacote. "Não adianta (mandar) emissários. Ele (o presidente) sabe que não volto atrás", disse.
ACM também não mostrou irritação com FHC, que, pela manhã, criticou os aliados do governo que defendem mudanças no pacote. "Não foi comigo. Eu o respeito, e ele me respeita", afirmou.
Segundo ACM, os partidos aliados não precisam buscar alternativas de fonte de arrecadação para substituir o aumento do IR.
O presidente do Senado deixou claro que o apoio do Congresso ao governo não é irrestrito.
"O presidente fez aquilo que é indispensável e necessário para o país. Agora, como ele não pode fazer essas medidas sozinho, ele faz com o Congresso Nacional. E o Congresso está pronto para atendê-lo. O que não significa aprovar todas as medidas como elas vêm."
O presidente do Senado disse que, toda vez que está convicto de alguma coisa, faz questão de anunciar logo, para não recuar. E que, em geral, costuma sair vitorioso. "Até não me incomodo de perder, mas quero perder com o povo brasileiro", disse, em relação ao IR.
Para ACM, a taxação das grandes fortunas poderiam ser uma opção ao governo. "Quero defender quem não tem fortuna", disse.

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