São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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PFL tenta capitalizar insatisfação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL está aproveitando a reação negativa ao pacote fiscal do governo para obter ganhos eleitorais junto à classe média. Ontem, o partido voltou a criticar o pacote, insistindo na retirada do item que aumenta o Imposto de Renda da Pessoa Física.
Com o discurso, o PFL tenta ganhar uma nova imagem junto à população, deixando de ser identificado apenas como um partido de oligarquias para ser mais popular.
"Vamos deixar de ser um partido rural para ser urbano", afirmou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
A posição do PFL está causando atrito entre os partidos aliados. "Somos da base de sustentação do governo, mas não somos vacas de presépio", declarou Inocêncio.
"No governo manda o presidente Fernando Henrique Cardoso. Aqui (Câmara) mandam os 513 deputados e, no Senado, não sei como funciona direito, mas acredito que mandam todos os senadores", afirmou o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
A declaração foi uma referência clara ao presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que está travando uma queda-de-braço com o presidente Fernando Henrique Cardoso na questão do aumento do Imposto de Renda.
Estabilidade
O líder do PFL afirmou que a posição do partido está aproximando-o da sociedade. Segundo Inocêncio, os pefelistas têm recebido telefonemas de contribuintes, incentivando a posição contrária ao aumento do Imposto de Renda.
A tática do PFL, tomando a dianteira contra o aumento de impostos, deixou os demais partidos da base em uma situação desconfortável, porque pode recair sobre eles o ônus da defesa de medidas impopulares.
"Se não houver alternativa, vamos ser solidários (ao governo), e o PFL fica isolado, penetrando na classe média", afirmou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA).
O PSDB e o PMDB unificaram o discurso para tentar diminuir a repercussão negativa da posição favorável à aprovação do pacote. O mais importante, segundo eles, é preservar o real e a estabilidade.
O líder do PMDB afirmou que o partido considera que pior que o pacote é a volta da inflação. O líder tucano reafirmou a decisão do partido de apoiar irrestritamente o pacote fiscal.
"Fortalecer o governo agora é não colocá-lo na parede. O PSDB não vai criar constrangimento para o governo", afirmou Aécio. Sem citar o PFL, o tucano disse que o momento não é para buscar ganhos eleitorais.
Para líderes de partidos aliados, o PFL está roubando o discurso da oposição ao criticar o pacote fiscal. O líder pefelista confirma a estratégia. "Querem proibir a base de discutir? Deixar só para os partidos de oposição darem opinião sobre o pacote?", disse Inocêncio.
Segundo o líder do PFL, as medidas poderiam ter sido adotadas aos poucos, sem a forma de pacote. "Prova de que não era preciso um pacote é que até agora não chegaram todas as medidas do governo", afirmou.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e os líderes aliados negaram a realização de um debate no plenário da Câmara para discutir o pacote com os ministros da área econômica. O pedido foi feito pela oposição.

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