São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Pacote afeta os pobres

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem FHC nem ACM são sinceros em seus discursos. Na guerra retórica das duas principais siglas da política brasileira, a primeira baixa foi a verdade.
As medidas adotadas pelo governo para tentar salvar o Real não atingem só o bolso "dos que mais têm", como quer FHC. Todos vão pagar a conta, inclusive os pobres e a classe média. Alguns mais, outros menos.
Num primeiro momento, a duplicação da taxa de juros -a primeira parte do pacote do governo- já provocou o corte do crédito e o aumento do valor das prestações. É algo que atinge qualquer cidadão, mas em especial quem não pode pagar à vista, os pobres.
Numa segunda etapa, juros altos implicam aumento de custo para as empresas e diminuição do consumo. Muitos empresários vão responder a essa necessidade de ajuste com cortes de pessoal. Aí quem pagará são os assalariados.
Para a população, o problema do pacote, portanto, não é apenas o aumento do Imposto de Renda, que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) elegeu como bandeira para "defender" o eleitorado de classe média.
As consequências vão muito além, como a população, aliás, já percebeu. As duas últimas pesquisas Datafolha mostraram que a maior rejeição ao pacote parte dos mais excluídos.
São os paulistanos com renda familiar mensal inferior a R$ 1.200 e os que não passaram do 1º grau na escola que mais reprovam o governo FHC, o Plano Real e o pacote. A despeito do que dizem os políticos, a população sabe que o próximo Natal vai ser o mais magro dos últimos tempos.

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