São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Tasso vê presidente e diz que pacote é inegociável

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os quatro principais governadores do PSDB se aliaram ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, para evitar que o PFL mude o pacote econômico e acabe com o aumento de 10% no IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).
Essa mudança é especialmente defendida pelo presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e pelos líderes pefelistas no Congresso.
"O pacote é inegociável", disse ontem o governador Tasso Jereissati (Ceará), que participou de um jantar de governadores tucanos com FHC e Malan, quarta-feira, no Palácio da Alvorada.
"Não se pode fazer nada pensando na eleição agora. Não interessa se é impopular ou não. Se é necessário, que se faça", disse.
Ainda segundo ele, a parte mais impopular do pacote nem é o aumento do IRPF, mas o reajuste do preço da gasolina, que entra em vigor amanhã. "Mas não importa. O governo vai implementar o pacote sem titubear", disse.
Participaram do jantar os governadores Mário Covas (SP), Marcello Alencar (RJ) e Eduardo Azeredo (MG), além do economista André Lara Resende, assessor especial da Presidência.
A partir das exposições de Lara Resende, sobre o cenário internacional pós-crash das Bolsas, e de Malan, sobre os efeitos desse crash no Brasil, os governadores concluíram que "o país está vulnerável", como disse Jereissati.
"Existe uma ação especulativa muito forte, e tudo o que o Brasil está fazendo é para reagir a esse ataque. É uma queda-de-braço com os especuladores", afirmou o governador cearense, um dos mais próximos a FHC.
"O país está muito vulnerável e continuará assim ainda por muito tempo, especialmente por causa do déficit fiscal e do déficit em conta corrente. Ninguém sabe precisar quando e se isso vai terminar", disse.
Malan e Lara Resende não deram receitas para acabar com a crise. Disseram apenas que os remédios possíveis vêm sendo dados, como o forte aumento dos juros e o próprio pacote fiscal. Pediram, também, empenho dos governadores para a aprovação das reformas administrativa e da Previdência.
"Está claro que elas são fundamentais. São urgentes, urgentíssimas, por causa da necessidade do ajuste fiscal", disse Jereissati, que voltou ontem para Fortaleza.
Na expectativa dos presentes ao jantar, as reformas deveriam ser aprovadas em 30 dias, para que os juros começassem a declinar ainda antes do Natal. "Politicamente, os juros são a parte mais dura do remédio", admitiu Jereissati.
Ele considerou a reforma da Previdência ainda mais importante do que a administrativa e destacou uma preocupação do governo: "É preciso convencer os deputados a não alterarem o texto aprovado no Senado".
Mário Covas foi o mais enfático ao defender que a eleição seja relegada ao segundo plano durante a crise, e todos concordaram com ele. "Depois da tempestade, a gente volta a pensar nisso", resumiu Jereissati.
O governador cearense se diz convencido, de qualquer forma, de que a posição do PSDB em defesa do pacote econômico não irá prejudicar o partido nas urnas de 1998. "É um investimento de longo prazo. Mantendo a coerência, a gente vai longe", disse.

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