São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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São Gonçalo é foco de sequestros no Rio

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SÃO GONÇALO (RJ)

O mais novo foco de sequestros no Rio é o município de São Gonçalo, onde, apavorados com a ação das quadrilhas, empresários fecham lojas, compram armas e se trancam dentro de casa.
Oficialmente, há três sequestrados em São Gonçalo (a 20 km do Rio, com acesso pela ponte Rio-Niterói). Dois são empresários. A terceira vítima é a filha de um empresário. No Rio, só há uma pessoa em poder de sequestradores.
Mais dois sequestros são conhecidos em São Gonçalo, apesar de as famílias não terem feito os registros policiais. A polícia não inclui esses dois casos na estatística oficial.
O pânico entre o empresariado gonçalense leva a atitudes radicais. Dono de uma rede de postos de combustíveis, J., depois de escapar de sequestradores que o atacaram, mudou-se para outra cidade.
Protegido noite e dia por oito seguranças, o empresário administra seus negócios à distância, de dentro da nova casa, uma "fortaleza" com muros de 5 m de altura.
Com medo dos sequestradores, L. fechou a maior de suas duas lojas de material de construção. O pai dele já foi vítima de sequestro.
"As duas lojas me deixavam muito exposto. Preferi ficar com a menor, levar uma vida menos perigosa", disse o comerciante, que, para se proteger, comprou uma pistola.
A situação dos sequestros em São Gonçalo foi tema de reunião, ontem, entre o subchefe de Polícia Civil, Edilson Gonçalves, e o diretor da Metropol 13 (delegacia regional de São Gonçalo), Ronald Mendes Coelho.
A Secretaria da Segurança Pública do Estado deverá preparar um plano de combate aos sequestradores de São Gonçalo, com ações conjuntas das Polícias Civil e Militar.
São Gonçalo é a segunda cidade mais populosa do Estado do Rio. A contagem populacional realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado registrou 883.379 habitantes no município.
O número oficial de habitantes é questionado pelo comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo), tenente-coronel José Beltrão.
"Moram na região 1,5 milhão de pessoas", afirmou.
Líder
Dundi seria líder da principal quadrilha de sequestradores de São Gonçalo e chefe de traficantes de drogas em favelas do município vizinho de Niterói.
A participação de sequestradores do Rio também está sendo investigada pela Polícia Civil. A venda de drogas nas favelas da cidade já estaria controlada por criminosos cariocas.
O crescimento desordenado de São Gonçalo favorece a ação dos sequestradores.
Cresceram no município imensos loteamentos, ocupados por barracos e casas pobres. Para a polícia, os cativeiros das vítimas devem estar localizados nesses loteamentos.

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