São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Repórter é baleado em motim no PA

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTA IZABEL DO PARÁ

Depois de 42 horas de rebelião, os detentos do presídio estadual Fernando Guilhon, no Pará, encerraram às 15h10 de ontem (16h10 em Brasília) o motim e libertaram os dois agentes prisionais e os dois jornalistas mantidos como reféns.
O repórter Rivan Jatene da TV Liberal (afiliada à Rede Globo) saiu ferido com dois tiros -um no abdômen e um na perna.
Os outros três reféns -o cinegrafista Paulo Roberto Silva e os agentes Francisco de Assis Albuquerque e Sérgio Dênis Lisboa- tiveram ferimentos leves.
A polícia não chegou a invadir o presídio, mas houve tiroteio com os detentos que tomaram as guaritas no alto do muro. Morreram dois presos. Quatro policiais foram baleados e um quebrou a perna. O tenente André (só foi divulgado o primeiro nome) levou um tiro na cabeça.
O tenente e o repórter saíram da penitenciária, que fica em Santa Izabel do Pará (43 km a leste de Belém), em ambulâncias direto para o hospital São José, em Castanhal, cidade vizinha. Até as 18h, eles ainda eram operados e corriam risco de vida.
Dia tenso
Ontem, segundo dia da rebelião dos 576 presos da Fernando Guilhon, iniciada por volta das 21h de terça-feira, os presos não cumpriram a promessa de libertar os reféns pela manhã.
A Polícia Militar, que tomou o controle das operações e das negociações com os rebelados, cortou a água e a luz do presídio.
Às 10h20, Jatene foi levado pelos presos ao telhado, de onde pediu que a polícia não invadisse.
Mais de 200 soldados da tropa de choque cercavam o prédio, esperando uma ordem do governador Almir Gabriel (PSDB).
Às 13h05, os presos chegaram até o portão usando os reféns como escudos e tentaram uma fuga em massa. Às 13h30, os líderes da rebelião, cerca de 30 presos, acabaram tomando as guaritas e as passarelas sobre os muros e começaram um tiroteio com a polícia.
Foram quase 90 minutos de tiroteios, que se repetiram ainda duas vezes, e negociações com o diretor do presídio, capitão Raimundo Silva.
Às 15h10, os presos libertaram Jatene, baleado. Antes, ainda ameaçaram jogar de cima do muro um dos agentes prisionais. Dez minutos depois do repórter, libertaram os outros reféns.

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