São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Até Pelé intervém para derrubar Eurico no Vasco

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Uma carta do ministro Pelé (Esportes) desejando sucesso à oposição encerrou ontem a mais tensa e dura campanha eleitoral no Vasco desde a década de 80.
"Sei o quanto é difícil lutar pela modernidade e pela transparência", escreveu Pelé, torcedor vascaíno, ao candidato oposicionista Jorge Salgado.
A chapa Oposição Unida tenta encerrar 13 anos de poder do presidente do Vasco, Antônio Soares Calçada, que tem como fiel escudeiro o vice de Futebol, deputado Eurico Miranda (PPB-RJ).
Soldados do Batalhão de Choque da Polícia Militar, utilizando cães, estarão hoje desde cedo no estádio de São Januário (zona norte do Rio). A eleição ocorrerá entre 9h e 22h, com apuração a seguir.
Devido ao confronto no Congresso em torno do projeto de Pelé para reformular o esporte, a eleição tem implicações nacionais.
Se for derrotado em seu reduto, Miranda ficará enfraquecido para combater as propostas de Pelé.
Se vencer, além de impor uma derrota direta ao ministro que se manifestou a menos de 24 horas do pleito, reforçará o discurso de que os sócios dos clubes não querem transformá-los em empresas.
Pela primeira vez na dinastia Calçada-Miranda, a oposição apresenta chances de vitória.
O candidato a presidente é Jorge Salgado, sócio de uma corretora de valores. A primeiro vice, Olavo Monteiro de Carvalho, do grupo empresarial Monteiro Aranha.
A eles se juntou a Força Jovem, torcida apontada pela polícia como a mais violenta do Rio.
Se a oposição vencer, o clube fará um contrato com o banco Icatu para explorar comercialmente a marca Vasco da Gama.
Mesmo com a eleição clubística se transformando num embate nacional, há uma curiosidade: o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, tem simpatia por Jorge Salgado, o mesmo candidato de seu inimigo Pelé.
Salgado era o diretor de Futebol da CBF na Copa do Mundo de 90.
Apesar da preferência, Teixeira não se envolveu na eleição vascaína, já que, no combate ao projeto Pelé, Eurico Miranda é seu aliado.
A situação tem trunfos importantes: a campanha do time de futebol no Campeonato Brasileiro, o apoio do atacante Edmundo e o sentimento, muito comum entre vascaínos, de que, com Eurico Miranda, o clube passou a ter influência nos bastidores do futebol.
Hoje serão eleitos 150 conselheiros. Eles e outros 150 conselheiros natos elegem a nova diretoria em janeiro. Nunca quem ganhou a eleição entre os sócios perdeu depois no colégio eleitoral. A chapa vencedora indica 120 conselheiros. A perdedora, 30.
Pesquisa do Ibope encomendada pela Oposição Unida dá vitória a Jorge Salgado por 53% a 32%.
Levantamento da situação mostra Calçada, candidato à reeleição, com triunfo de 42% a 36%.
A futura diretoria terá mandato de dois anos e dirigirá o Vasco em 1998, ano em que o clube completará seu centenário.

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