São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Site abriga biografias, poemas e depoimentos de homicidas

ALVARO MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eles falam! Não no mesmo tom refinado com que se revelaram ao "repórter" Truman Capote em "A Sangue Frio", mas com a lógica não-sequencial característica da Rede.
É como se a Internet tivesse aberto janelas em celas de corredores da morte de várias prisões norte-americanas. Por elas, serial killers que aguardam a cadeira elétrica divulgam pensamentos, ficções e canções, além de expor "obras de arte" feitas na reclusão.
O "milagre de comunicação" acontece no site "Os serial killers em suas próprias palavras", mantido por Sondra London - http://www.sondralondon.com- e "banido" em agosto último pelo host America On Line, o maior dos EUA, por pressão do governador do Estado de Wyoming, Jim Geringer.
Com a "expulsão", Sondra ganhou enorme publicidade e não teve dificuldades em encontrar um novo lar na Web.
O site traz biografias detalhadas de quatro condenados, além de seus contos, poemas, bilhetes e cartas. Há ainda desenhos e telas feitas nas celas.
O arquivo mais rico é o do "Retalhador de Gainesville" -Danny Rolling, que estuprou e cortou em pedaços cinco colegiais da Flórida. London alimenta relacionamento especial com Rolling, embora tudo seja transmitido via procuradores.
Com ele, chegou a celebrar um casamento virtual (clique em "cyber wedding"), com alianças elegantes desenhadas pelo condenado etc.
Em galeria virtual (clique sobre "Killer Art"), Rolling e London põem à venda várias telas a óleo e desenhos. As imagens são próximas à arte brut ou naif, porém a tela "A Árvore", que custa US$ 1.200, indica que o assassino conhece a obra expressionista de Munch.
Sondra, que gosta de se nomear "Eris Discordia" (divindade grega do caos), escreveu um livro sobre o caso Rolling, "The Making of a Serial Killer", e atualmente está sendo focalizada em um filme.
Em seu site, London amplia a voz de outros três assassinos. Entre eles o "Matador que Cruzou o País", Glenn Rogers, a quem são creditadas mais de 70 mortes.
A Internet abriga mais de uma centena de sites com o tema "serial killer", desde arquivos detalhados sobre o "patrono" Jack, O Estripador até e-zines norte-americanos dedicados a este ou aquele matador em especial.
(AM)

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