São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Berlim anuncia irmãos Siodmak como atração do próximo ano

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Havana nem deu a largada para o último dos grandes festivais internacionais de cinema de 1997, eis que Berlim sai na frente anunciando a primeira grande atração do circuito 98.
A retrospectiva do 48º festival, que acontece entre 11 e 22 de fevereiro próximo, vai celebrar os irmãos Curt, 95, e Robert (1900-1973) Siodmak.
Apesar de partilharem o batismo num clássico e o longo exílio a partir da ascensão do nazismo, os Siodmak jamais foram os Taviani "avant la lettre". Ambos estrearam na equipe de "Menschen am Sonntag" (Pessoas num Domingo, 1929), retrato impressionista do descanso semanal de cinco berlinenses, mas ao lado deles encontrava-se o mais incrível grupo de iniciantes, muitos dos quais reencontrariam os manos em Hollywood: Billy Wilder, Fred Zinnemann, Edgar G. Ulmer.
A parceria entre Curt e Robert prosseguiria na tumultuada Alemanha pré-hitleriana, com a rodagem de dois policiais para os majestosos estúdios da UFA.
O que Deus uniu Goebbels separou: Robert vai a Paris, Curt preferiu Londres. O primeiro prosseguiu na carreira de diretor, o segundo se estabeleceu como roteirista de filmes de ficção científica.
A explosão da Segunda Guerra Mundial os levou ao reencontro na "nova Weimar" formada pela comunidade alemã refugiada em Hollywood (Brecht, Mann, Schoenberg, entre outros).
Curt chega aos EUA em 1937 e logo firma reputação como escritor de histórias que lidam com o extraordinário: "A Volta do Homem Invisível" (1940), "O Lobisomem" (1941), célebre com Lon Chaney Jr., "O Filho de Drácula" (1943, rodado pelo irmão), "A Morta-Viva" (1943).
Robert chegou depois (1939), demorou um ano para conseguir emprego (uma mentira de Preston Sturges abriu-lhe as portas) mas acabou indo mais longe.
Após uma série de filmes B, Robert acabaria sendo um dos principais forjadores do estilo expressionista do nascente cinema "noir". São dele, entre outros, "Silêncio das Trevas" (1945), "Os Assassinos" (1946, adaptado de Hemingway), "Espelhos d'Alma" (1946).

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