São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Livro expõe obra e poética de Artigas

MARA GAMA
GERENTE GERAL DE CRIAÇÃO DO UNIVERSO ONLINE

O estádio do Morumbi, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, o edifício Louveira (na praça Vilaboim, Higienópolis) e os vestiários do São Paulo Futebol Clube. Quem mora em São Paulo já deve ter visto -mesmo sem saber- pelo menos um dos prédios do arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985).
Urbanista e educador, Artigas integrou a "Escola Paulista" de arquitetura e influencia até hoje os profissionais das áreas em que atuou. Seguido, admirado e debatido por suas construções limpas e iluminadas, pela articulação entre a prática e o discurso e por suas opiniões políticas -foi filiado ao Partido Comunista-, o arquiteto pode chegar agora a um círculo maior de conhecedores com a edição do livro "Vilanova Artigas".
Segundo exemplar da série "Arquitetos Brasileiros", o livro foi editado pelo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi em parceria com a Fundação Vilanova Artigas.
Nas mais de 60 construções descritas com textos e fotos se pode ver a coerência interna da obra, toda ela marcada por poucos traços, muita claridade e um cuidado especial na junção dos planos vertical e horizontal, cuidado que Artigas sintetizava na frase: "É preciso fazer cantar o ponto de apoio".
O livro traz também uma biografia construída por fragmentos de textos do próprio Artigas, além de croquis e desenhos.
Editado pelos arquitetos Marcelo Carvalho Ferraz (coordenação), Álvaro Puntoni, Ciro Pirondi, Giancarlo Latorraca e Rosa Camargo Artigas, "Vilanova Artigas" virou também exposição e ocupa uma sala na 3º Bienal Internacional de Arquitetura. A mostra conta com 60 painéis e maquetes.
Além de criar o espaço físico, Artigas participou ativamente da criação do curso de arquitetura da Universidade de São Paulo até ser cassado, em 1964. Levou para as salas e os ateliês suas influências de Frank Lloyd Wright, sua visão social da arquitetura e uma compreensão artística da obra arquitetônica isenta de mistificação.
Segundo seu próprio texto, esta compreensão começou no convívio com pintores como Volpi, Rebolo, Bonadei, Clóvis Graciano e sua mulher, Virgínia, grupo que desenhava em curso com modelo vivo na Escola de Belas Artes, entre 1936 e 1937.
1937 foi também o ano em que Artigas se formou arquiteto, pela Escola Politécnica, onde foi aluno de Prestes Maia. Nos anos 40, trabalhou com Oswaldo Bratke, Gregori Warchavchik, e fundou o Instituto dos Arquitetos do Brasil, junto com Rino Levi.
É um texto de Lina Bo Bardi, dos anos 50, que define um dos aspectos mais importantes da obra de Artigas: "As casas de Artigas são espaços abrigados contra as intempéries, o vento e a chuva, mas não contra o homem, tornando-se o mais distante possível da casa fortaleza, a casa fechada, a casa com interior e exterior, denúncia de uma época de ódios mortais. A casa de Artigas, que um observador superficial pode definir como absurda, é a mensagem paciente e corajosa de quem vê os primeiros clarões de uma nova época: a época da solidariedade humana".

Livro: Vilanova Artigas
Coordenação editorial: Marcelo Carvalho Ferraz
Quanto: R$ 70 (215 págs.)
Onde encontrar: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi (r. Almério de Moura, 200, Morumbi, tel. 011/844-9902)

Evento: 3ª Bienal Internacional de Arquitetura
Onde: pavilhão da Bienal (portão 3 do parque Ibirapuera, tel. 011/574-5922) Quando: diariamente, das 12h às 22h; até 30 de novembro
Quanto: R$ 6 e R$ 3

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