São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997 |
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País tenta recuperar restos de prestígio
JOÃO BATISTA NATALI
A francofonia pode ser entendida, então, de duas maneiras: 1 - Como um vínculo sentimental entre os 49 países em que o francês é falado -até mesmo dentro de pequenos guetos geográficos ou culturais; 2 - Como um pretexto periódico para que a França se beneficie por algum destaque diplomático. A reunião de cúpula da francofonia em Hanói coincide com um esforço de Paris para recuperar, num período de "consenso" sobre a hegemonia dos EUA, uma pequena sobra de prestígio. A França assume abertamente relações energéticas com o Irã, país que Washington se esforça em manter isolado. O mesmo vale para o Iraque, onde a diplomacia francesa se posicionou ao lado da Rússia para oferecer a Saddam uma saída para o embargo. São iniciativas que não chegam inteiramente a compensar o papel secundário dos franceses na mudança do comando do Zaire e na guerra civil do Congo. Ora, esses dois países pertencem à mesma África em que, nos anos 60, os chamados vínculos francófonos eram uma maneira de justificar "relações privilegiadas" das ex-colônias com uma ex-metrópole que jamais renunciou à idéia de preservar seu poder regional. Na Europa de Maastricht, a França teve de se curvar à superioridade da Alemanha. Precisou também aceitar a multipolarização de um capitalismo globalizado em que seu lugar é modesto. Diante disso, é relativa a existência de 104 milhões de pessoas que falam francês em todo o mundo, ou que estimados 250 mil estudantes aprendam o idioma. No capítulo das informações prosaicas, em São Paulo o sinal da TV5, canal internacional em francês, não está mais sendo distribuído, por falta de audiência, no mercado de TV paga. Texto Anterior: França tenta 'ressuscitar' seu idioma Próximo Texto: Carro comunista bate Mercedes Índice |
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