São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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OPORTUNISMO PEFELISTA

Nas horas difíceis, espera-se de amigos e sócios solidariedade irrestrita. Essa regra deveria valer para as pessoas e as empresas, mas com muito mais ênfase nos negócios públicos. Uma palavra negativa de um aliado, em um momento crítico, pode provocar efeitos desastrosos para o conjunto do país. Pois é exatamente esse comportamento condenável que vêm tendo os amigos políticos do presidente Fernando Henrique Cardoso, em especial os do PFL.
Que o partido tenha restrições ao pacote é compreensível. Mas daí a fazer questão de trombeteá-las, em termos até rudes, há um abismo. Ainda mais quando se considera que o PFL gabava-se de ser o mais incondicional aliado do presidente até agora.
Foi assim enquanto a lua-de-mel entre a opinião pública e o Plano Real -e, por extensão, com o presidente- se manteve. Ao primeiro abalo, o PFL mudou de comportamento.
Uma mudança, aliás, coerente com a trajetória do partido. Seus principais líderes apoiaram o regime militar até que este entrou em irreversível declínio. A partir daí, boa parte deles aderiu à Aliança Democrática, a coligação que elegeu a chapa Tancredo Neves/José Sarney.
O PFL ajudou a garantir a Sarney os cinco anos de mandato, mas no fim o abandonou para apoiar Fernando Collor, embora Collor tivesse sido o mais virulento crítico de Sarney. Afastado Collor, os pefelistas passaram um curto período à deriva até se agarrarem à candidatura FHC.
Agora, ensaiam manter um pé em cada canoa -o outro barco pode se chamar até Paulo Maluf. Os pefelistas não chegam a romper com FHC, embora ameacem dificultar a aprovação de um pacote que o governo considera vital, mas deixam aberta a possibilidade de abandoná-lo em 1998. Isto é, se a lua-de-mel da opinião pública com o presidente for definitivamente turvada pela crise.
Aparentemente, o PFL continua disposto a manter suas tradições.

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