São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997 |
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Convenção contra armas teve adesão de 104 países
OTÁVIO DIAS
No entanto, em 5 de novembro último, uma boa notícia passou quase desapercebida: a Rússia, que detém o maior arsenal de armas químicas do planeta, aderiu à Convenção sobre Armas Químicas e comprometeu-se a destruir todo o seu arsenal de cerca de 40 mil toneladas de agentes químicos. Os Estados Unidos, que possuem entre 30 mil e 35 mil toneladas de agentes, já aderiram ao tratado e estão em pleno processo de destruição de suas armas. Assim, os dois maiores arsenais existentes estão com os dias contados. A Convenção sobre Armas Químicas, que proíbe a produção, o comércio, o armazenamento e o uso de armas químicas, além de estabelecer mecanismos para a sua destruição, entrou em vigor em 29 de abril último. "A convenção está caminhando para a universalidade", disse à Folha o embaixador brasileiro José Maurício Bustani, 52, eleito primeiro diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas, responsável por colocar o acordo em prática. Em entrevista concedida por telefone da sede da entidade em Haia, na Holanda, Bustani ressaltou a importância das adesões recentes do Irã, da Jordânia e do Paquistão. Até agora, são 104 membros, entre eles o Brasil. "Gostaria de ter a adesão, o mais rápido possível, de Israel, Egito, Síria, Líbano, Líbia, Coréia do Norte e Iugoslávia", afirma Bustani. Israel já assinou a convenção, mas ainda não a ratificou. Ele não espera, entretanto, uma adesão rápida do Iraque. "O país está sob supervisão da Unscom. Se aderisse à convenção, a supervisão da parte química de seu arsenal teria de ser feita por nós. Nesse momento, não creio que isso seja possível", diz o embaixador. Ao aderir à Convenção das Armas Químicas, o país-membro é obrigado a declarar se tem ou já teve armas químicas. Também precisa fazer um relatório detalhado sobre a sua indústria química. Por fim, compromete-se a abrir as portas para as equipes de inspeção da organização e a destruir todo o arsenal existente. "Essa convenção tem um mecanismo de controle muito eficaz e igual para todos os membros, dos EUA a Fiji", diz. "Por isso, pode ajudar a construir confiança entre países em conflito." Os países que não aderirem à convenção sofrerão crescentes sanções no comércio internacional de produtos químicos. Não terão acesso, por exemplo, a produtos necessários à feitura de armas químicas que possuem, entretanto, outras utilidades. "Há produtos importantes, por exemplo, para o tratamento de câncer", diz Bustani. "Chegará o momento em que quem não for membro terá o seu comércio de produtos químicos totalmente bloqueado." (OD) Texto Anterior: Iraque pede ataque árabe contra os EUA Próximo Texto: Falta de vestígio dribla controle Índice |
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