São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Contra ataques

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Cresce, mesmo no governo, a sensação de que a divulgação do pacote fiscal de segunda-feira foi um formidável desastre de comunicação.
Se já não era fácil vender ao público um conjunto de providências que seus próprios autores qualificam de amargas, mais difícil se torna quando a comunicação é falha.
O presidente, a certa altura, chegou a comentar, em público, que "estavam dizendo" que o aumento do Imposto de Renda seria de 10%, quando, na verdade, segundo FHC, o aumento é menor. Faltou apenas pôr sujeito no "estavam dizendo".
Foram seus próprios ministros que falaram em aumento de 10%.
O curioso, nessa história toda, é que o governo põe toda a culpa pelos problemas do país na turbulência externa. Não é bem assim, mas não vem ao caso agora.
Se o governo acredita nisso, teria a obrigação de retomar a linha que FHC defendeu desde o início de sua gestão: a necessidade de algum tipo de controle sobre a movimentação de capitais internacionais, em especial os de curto prazo (ou especulativos).
Não dá para entender o silêncio do governo, em especial do presidente, agora que o tema ganha ainda maior relevância e volta a ser discutido até em ambientes normalmente refratários a qualquer freio ao capital, como o leitor verá no caderno Dinheiro.
PS - A partir de hoje, e pelos próximos 30 dias, estarei na Europa, entre missões profissionais e um período de estudos, já que o mundo ficou complexo demais para um reles jornalista entendê-lo. Mas não darei ao leitor o prazer de uma ausência tão longa. Escreveria a coluna intermitentemente, nos dias em que estiver cobrindo eventos na Europa.
Se o Brasil for vítima do famoso ataque especulativo durante minha ausência, comprometo-me a criar a Brigada George Soros e a organizar a resistência, a partir das montanhas (da Suíça, claro, que ninguém é de ferro). Pátria ou morte, venceremos.

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