São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Mais 14 bebês podem estar contaminados

FABIO SCHIVARTCHE
PRISCILA LAMBERT

FABIO SCHIVARTCHE; PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção da maternidade de Vila Nova Cachoeirinha admite que a bactéria pode ter se espalhado no berçário

Pelo menos 14 bebês que nasceram na Maternidade Municipal de Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da cidade de São Paulo, podem estar contaminados pela bactéria serratia, que já matou outros 12 recém-nascidos nos últimos três meses no mesmo hospital.
Eles ficarão em observação permanente pelas próximas três semanas, período em que podem desenvolver a doença causada pela bactéria.
Anteontem, dois bebês apresentaram infecção intestinal -um dos sintomas da ação da serratia. Mas as informações da secretaria divergem das fornecidas pelo diretor clínico do hospital, Marcos Renaud.
O secretário municipal da Saúde, Masato Yokota, disse à Folha que, em reunião realizada anteontem com os médicos do hospital, ele foi informado de que haviam dois novos casos constatados de infecção pela serratia.
Renaud nega. "Os exames de cultura de bactéria dos dois bebês ainda não foram concluídos. Segundo o laboratório de análises, pela evolução do exame é provável que seja outra bactéria."
Os 14 bebês com suspeita de contaminação -considerados de alto risco (prematuros e de baixo peso)- estavam no mesmo berçário e podem ter sido infeccionados no período em que estavam junto aos que morreram.
Na semana passada, eles foram transferidos para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) provisória, instalada em outro quarto da maternidade (veja foto).
Segundo Renaud, ainda é cedo para dizer que a bactéria foi exterminada da maternidade. "Temos de esperar para ver se nenhum dos bebês em observação ficará doente, já que a serratia, uma bactéria oportunista (que se desenvolve em organismos debilitados), pode estar incubada."
O membro da comissão de infecção hospitalar da maternidade, Amaury Amaral, diz que os médicos ainda não descobriram o foco de transmissão da serratia. "É provável que tenha sido transmitida pelos materiais clínicos", diz.
Mistério
A direção da maternidade não divulgou o nome das famílias dos bebês que morreram por causa da bactéria. E, segundo a Folha apurou com famílias que tiveram bebês mortos no hospital nos últimos três meses, os médicos não informaram se os óbitos foram causados pela serratia.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, José Erivalder Guimarães de Oliveira, funcionários da maternidade (que ele não revelou os nomes) afirmam que o número de óbito de bebês pela infecção nos últimos três meses é de 20, não 12. Yokota nega.

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