São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997 |
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Abuso infectou pelo menos 500 mulheres
AURELIANO BIANCARELLI
A suspeita, que revela outro lado dramático da Aids, foi trazida a público ontem no 2º Congresso Brasileiro de Prevenção da DST-Aids, em Brasília. O CRT-Aids (Centro de Referência da Secretaria da Saúde) de São Paulo e ONGs que trabalham com adolescentes e violência contra crianças vão começar a rastrear os casos para saber a verdadeira história dessa dupla violência. "Não temos números precisos, mas temos inferências que nos levam a essa suspeita", disse Wilza Vilela, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. O fio começou a ser puxado pelo alto número de mulheres com Aids que afirmam não saber como foram infectadas: são 24% do total. Entre as adolescentes e jovens -na faixa etária que vai dos 13 aos 19 anos- pelo menos 40% dos casos são tidos como "ignorados", afirma Wilza. Epidemiologistas da Secretaria da Saúde de São Paulo disseram que praticamente todos os casos dados por "ignorados" entre as mulheres são de transmissão sexual. As que pegaram Aids em transfusão sanguínea ou com drogas injetáveis acabam informando. "Já as meninas e adolescentes vítimas de abuso sexual nunca contam a ninguém, com medo do pai e da própria mãe", diz Terezinha Reis Pinto, presidente da Apta, uma ONG de São Paulo. Essa constatação faz pensar que o número de jovens vítimas de violência sexual pode ser muito maior. Muitos desses casos só chegam aos serviços de saúde quando a mulher já está bastante doente. "Há uma resistência interior muito grande para a mulher em reconhecer que foi vítima de um abuso", diz Wilza. Entre as adolescentes acompanhadas pela Apta, pelo menos duas foram infectadas em abuso sexual. Uma delas pegou Aids do pai, que continuou abusando dela até cair doente. Texto Anterior: Cheia do rio Ribeira obriga remoções de famílias Próximo Texto: Doença avança em cidade pequena Índice |
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