São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997 |
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Mulheres protestam contra veto a camisinha
FERNANDO MENDONÇA
Ele decretou anteontem a proibição da venda de preservativos nas farmácias e mercados da cidade. Também foi vetada pelo decreto a distribuição de qualquer método anticoncepcional no único hospital de Bocaiúva do Sul. Ontem à tarde, a comerciante Rose Kedzierski, 35, estava distribuindo panfletos às moradoras da cidade, convocando-as para uma reunião na Câmara: "às 18h30, não falte, use preto". "Nós, mulheres, nos sentimos agredidas moralmente por esse decreto", disse Rose. "Já tem homem convidando a gente para fazer filho. Viramos motivo de graça para o resto do Brasil, enquanto o palhaço do circo é outro e não usa saia." O padre Ennio Verdenelli, 58, disse apoiar "em termos" a iniciativa do prefeito. Para ele, a medida acertou "em cheio" o objetivo de chamar a atenção das autoridades para os problemas da região. O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Guilherme Luiz Gomes, 47, disse que o poder público não pode interferir na liberdade individual dos cidadãos para regular sua vida, incluindo a formação da própria família. O prefeito Elcio Berti foi procurado ontem à tarde pelo promotor Joel Carneiro da Silva Filho, 27, que entregou a ele uma "recomendação administrativa" para revogar o decreto. Berti recebeu o documento e pediu para o promotor voltar na semana que vem. Berti disse que pretende manter o decreto, mesmo depois que a imprensa se afastar do caso. "Os moradores vão acabar se acostumando. Vou sensibilizá-los para a necessidade de aumentar a população. Quero que as pessoas saibam da importância do amor, que também é uma coisa muito gostosa." Berti é casado e tem dois filhos homens. Na sua casa não há camisinhas, pois ele se submeteu a uma vasectomia. "Em Bocaiúva do Sul, quem for pego com camisinha vai para o xadrez", afirmou. Texto Anterior: Sem-camisinha protestam no PR Próximo Texto: Prefeito admite marketing Índice |
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