São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Governo amplia privatização

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo anunciou ontem um conjunto de medidas que amplia o programa de privatização. O Conselho Nacional de Desestatização aprovou o repasse à iniciativa privada de imóveis da União, de estradas federais e de empresas de saneamento e companhias estaduais de energia.
O ministro Antonio Kandir (Planejamento) confirmou ainda que o Instituto de Resseguros do Brasil será privatizado e que a dívida de R$ 17 bilhões que a Itaipu tem junto à Eletrobrás será securitizada -R$ 5 bilhões desse total serão usados para pagar dívidas da Eletrobrás junto ao Tesouro.
O conjunto de medidas anunciado ontem contém ainda a alienação de parte do patrimônio da Companhia Docas do Rio de Janeiro e de aproximadamente 22 mil imóveis da Rede Ferroviária Federal, que deverá gerar receita de R$ 1 bilhão até o ano 2000.
"Estamos aumentando o escopo do programa de privatização porque ele é a via mais bem-sucedida para a entrada de capitais estrangeiros não especulativos no país", afirmou Kandir.
A maior parte dessas medidas era esperada desde a semana passada, quando o governo lançou um pacote para melhorar a arrecadação, combater o déficit público e emitir sinais positivos para a comunidade econômica internacional.
Estradas e imóveis
Kandir disse que o governo vai analisar a privatização (por meio de concessão) dos 51 mil quilômetros de estradas federais, mas adiantou que o Ministério dos Transportes considera viável o repasse de apenas 15 mil quilômetros dessa malha à iniciativa privada.
O governo federal se responsabilizará por 7.940 quilômetros de rodovias (o restante ficará a cargo dos governos estaduais) e pretende, ainda neste ano, iniciar as negociações de quatro trechos.
São eles São Paulo-Curitiba, Curitiba-Florianópolis, via Dutra (no Rio de Janeiro) e ponte Presidente Costa e Silva (na divisa entre Rio de Janeiro e Espírito Santo), que totalizam 1.278 quilômetros.
Sobre os imóveis da União, Kandir disse que o BNDES foi autorizado a contratar uma consultoria que vai modelar a alienação ou locação desse patrimônio, avaliado por ele em R$ 25 bilhões, "em uma estimativa conservadora".
Dívida de Itaipu
O processo de transformação, em títulos da dívida, de R$ 17 bilhões que a hidrelétrica de Itaipu tem com a Eletrobrás começará ainda neste ano. Os títulos emitidos nessa operação serão lançados no exterior.
Os primeiros US$ 5 bilhões obtidos serão utilizados para abater uma dívida nesse mesmo valor que a Eletrobrás tem junto ao Tesouro.
O diretor de operações de desestatização do BNDES, José Pio Borges, disse que as recentes turbulências registradas no mercado financeiro internacional não irão prejudicar o lançamento desses títulos.

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