São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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BC reduz juro para 2,9% em dezembro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central decidiu ontem reduzir os juros básicos para dezembro, decisão que contrariou as expectativas do mercado, que previa a manutenção das taxas. A TBC (Taxa Básica do BC), que no final de outubro havia sido elevada para 3,05%, caiu para 2,9% ao mês.
A decisão foi anunciada ontem às 21h30, após reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Em termos anuais, a TBC, principal referência para os juros do mercado, caiu de 43,4% para 40,9%.
Também foi reduzida a Tban (Taxa de Assistência do BC), de 3,23% para 3,15% mensais, mantendo-se a mesma redução de 0,15 ponto percentual aplicada à TBC.
Até ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso e a equipe econômica vinham preferindo não se comprometer com prazos para a redução dos juros. Havia a expectativa no mercado de que as taxas permaneceriam altas por pelo menos mais dois meses.
Em 30 de outubro, o BC promoveu um choque de juros para evitar os riscos de um ataque especulativo contra o real. Numa reunião extraordinária do Copom, a TBC foi elevada de 1,58% ao mês -taxa que se mantinha desde abril- para 3,05%.
A alta dos juros desestimula os investidores do mercado financeiro a apostar na desvalorização do real. Com maior rentabilidade, o capital especulativo tende a buscar as aplicações de renda fixa.
Entretanto, são óbvias as repercussões negativas para a atividade econômica. As compras a prazo se retraem, as empresas adiam investimentos e o desemprego tende a se agravar -esses efeitos foram previstos ontem pelo ministro Pedro Malan (Fazenda).
A combinação do choque de juros com o pacote fiscal editado na semana passada fez o governo rever para baixo as projeções de crescimento para o próximo ano, de 4% para 2%.
A decisão do BC de reduzir os juros permite a interpretação de que, para o governo, os efeitos no Brasil da crise financeira mundial que explodiu em outubro deixaram de se agravar.
Nos últimos dias, o BC não teve mais que fazer leilões de venda de dólar para suprir a demanda do mercado. O pacote fiscal, embora tenha sofrido críticas por elevar impostos, tende a ser aprovado quase integralmente pelo Congresso.
Além disso, o governo comemorou ontem a aprovação da reforma administrativa pela Câmara, o que deve melhorar as expectativas dos investidores quanto à economia brasileira.
Na semana passada, em reunião com FHC no Palácio da Alvorada, quatro governadores tucanos manifestaram apoio ao pacote fiscal, mas pediram que houvesse uma queda, mesmo que pequena, nos juros.
Segundo avaliação obtida pela Folha, para os governadores os efeitos dos juros em um ano eleitoral pesam mais do que o aumento de impostos ou de tarifas públicas.

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