São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Mar del Plata discute Hollywood

MARIANE MORISAWA
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA

"Se o filme for bom, não importa de onde ele vem." Foi essa a frase repetida à exaustão por Jack Valenti, presidente da Motion Picture Association (MPA), em entrevista, anteontem, em Mar del Plata (Argentina), cidade que realiza até sábado seu 13º festival de cinema. A MPA reúne os sete mais importantes produtores de cinema, TV e vídeo dos EUA.
"O espectador não está interessado em saber se o filme é sueco ou italiano. Importa se o filme é bom", disse.
Ou seja, para Valenti, não há barreiras impostas para que um filme de qualquer lugar do mundo faça sucesso também nos EUA.
"O mercado norte-americano não está fechado para ninguém. Existem 25 mil cinemas nos EUA e só 10% deles são de estúdios. O resto está sob o controle de empresários independentes. Para eles, não importa onde o filme foi produzido, mas sim se haverá público."
Valenti deu a ignorância como um dos fatores para a pouca penetração de estrangeiros em Hollywood. Isso porque, segundo ele, ao contrário dos argentinos -"um dos povos mais bem instruídos do mundo"- os habitantes de seu país não sabem falar outra língua que não o inglês. "Para um filme estrangeiro ser exibido nos Estados Unidos, ele precisa ser dublado ou legendado, e o americano não gosta de nenhum dos dois."
Ele elogiou o renascimento cinematográfico na Inglaterra, Alemanha, Itália e Argentina. O chefão da MPA não apóia, porém, as cotas, sempre cogitadas para proteger os filmes produzidos nacionalmente. "Quando você impõe barreiras para o filme de outros países, você também cria barreiras para suas produções no exterior."
Mas Valenti disse não ter nada contra os subsídios ou leis de incentivo dados pelos governos às produções locais. No entanto ele afirmou que, nos EUA, esse tipo de intervenção é evitado porque pode virar controle governamental.
Apesar de desprezar o controle imposto pelo governo, Valenti defende a "auto-regulamentação" -e não aceita a palavra "censura". Sobre o sistema de classificação para filmes criado por ele na década de 60, quando era assessor do presidente Lyndon Johnson, ele disse: "Devido à Primeira Emenda da Constituição, o Congresso dos EUA não pode criar nenhuma lei que restrinja a liberdade de expressão. Esse é um sistema voluntário de auto-regulamentação. O produtor pode ou não adotá-lo."

A jornalista Mariane Morisawa viaja a convite da organização do festival

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