São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Busca da '3ª via' ressurge

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Reaparece na Cúpula de Luxemburgo a busca da "terceira via" para a questão do emprego.
Essa expressão foi lançada no ano passado pelo presidente francês, Jacques Chirac, ao abrir reunião semelhante do G-7, o grupo dos sete países mais ricos.
Seria um modelo que fugisse das pragas que infestam os modelos existentes: o norte-americano, de quase pleno emprego, mas precariedade para o trabalhador, e o europeu, de proteção social, mas elevado desemprego.
A tese de Chirac foi fulminada pelo então secretário norte-americano do Comércio, Ron Brown (que morreria em desastre aéreo em seguida): "Não há primeira, segunda ou terceira via, mas uma só, a que funciona", a dos EUA, claro.
Agora, quem retoma a tese são os trabalhistas britânicos. "Precisamos de um terceiro caminho entre a implacável economia de livre mercado e o sufocante excesso de regulamentação", diz Gordon Brown, ministro das Finanças.
Fácil falar, difícil fazer.
Difícil até de se fazer entender por seus pares europeus. Um dos jargões da proposta é "empregabilidade". Reação de Chirac ao ouvir a expressão: "Não sei o que quer dizer".
Quer dizer o seguinte: em vez de proteger o trabalhador no posto que ocupa, dar-lhe condições (treinamento, formação etc) de ser sempre "empregável".
O modelo britânico mistura o velho liberalismo de Margaret Thatcher, como a facilidade para contratar e dispensar trabalhadores, com uma intervenção governamental para subsidiar programas de treinamento e de criação de empregos para os jovens e os desempregados há muito tempo.
Os porta-vozes britânicos juram que, em Luxemburgo, a nova versão da "terceira via" terá o endosso da França e da Alemanha.
Um ponto em que tende a haver acordo completo é na necessidade de reduzir o peso dos impostos sobre a folha de salários.
Os encargos sobre os salários pularam de 28,7%, em 1970, para os atuais 42,1%, diz o boletim "European Report", na edição que começou a circular ontem.
(CR)

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