São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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POPULAÇÃO SEM ARMAS

Entre 46 países pesquisados pela ONU este ano, o Brasil aparece como líder de casos de mortes por armas de fogo. São Paulo é um espelho desse índice infeliz: segundo a polícia, 93% dos assassinatos ocorridos na cidade em 96 foram cometidos com armas de fogo, sendo que 63% das vítimas tinham entre 16 e 24 anos.
Nem seria preciso estar diante de números assim desoladores para reconhecer a relevância da campanha pelo desarmamento liderada por entidades estudantis (UNE, Ubes, UEE, Upes e Centro Acadêmico 11 de Agosto), com o apoio da OAB.
Até amanhã, quando a campanha chega ao fim de sua quarta e última etapa, proprietários de armas de fogo, ilegais ou licenciadas, poderão entregá-las entre 14h e 20h na sede da OAB em São Paulo (Praça da Sé, 385, 2º andar). Nas suas três primeiras etapas, a campanha recebeu 828 armas, o que comprova mais uma vez que iniciativas organizadas da sociedade civil podem ter efeitos muito concretos para minorar problemas que afetam toda a população.
O sucesso da campanha, no entanto, não deve conduzir a conclusões muito otimistas. O número de pessoas armadas continua preocupante. Na primeira semana deste mês, quando expirou o prazo para o cadastramento de armas de fogo no país, só em São Paulo a polícia registrou 5.600 pedidos; no primeiro semestre deste ano, a polícia apreendeu 14.601 armas no Estado.
São números que mostram seja o descrédito de parte da população na segurança pública, seja o grau de descontrole a que chegou a violência latente de uma sociedade que diariamente vai empilhando vítimas inocentes. Insistir no desarmamento da população é preciso, mas isso não deve desabonar a reivindicação de segurança e justiça.

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