São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Mercado disputado busca diferencial

CLEIDE FLORESTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Piscina, sauna, pista de cooper, bar e lojas de conveniência. O que à primeira vista parece ser a descrição dos atrativos de um clube nada mais é do que uma estratégia de venda para imóveis comerciais.
Para se destacar nesse campo, que tem apresentado oferta superior à procura, as incorporadoras têm agregado aos seus empreendimentos uma infra-estrutura de serviço e lazer que vai dos tradicionais centros de convenções a modernas salas de ginástica.
Com esse diferencial, as empresas apostam em maior liquidez (velocidade de vendas) para seus lançamentos e, principalmente, pretendem conquistar a preferência de um público exigente.
Para o consultor em recursos humanos Laerte Leite Cordeiro, 64, diretor-presidente da Laerte Cordeiro, muitas empresas preferem fugir do caos dos centros das cidades e escolhem lugares mais periféricos, em busca de segurança.
Nesses casos, a infra-estrutura é uma forma de recompensar os funcionários pela distância em relação aos centros comerciais.
O misto de serviços e lazer oferecido pelos condomínios comerciais e industriais de São Paulo e do Rio de Janeiro tem sua origem, segundo especialistas, na acirrada disputa entre as empresas.
Dados da Bolsa de Imóveis, que realiza pesquisa mensal no setor, mostram que até o final deste ano o estoque de área útil de escritórios na cidade de São Paulo terá um acréscimo de 160.000 m2, projetando um crescimento de 2,67% em relação ao ano passado.
Para José Kalil Haddad, 41, diretor da Aztec, empresa de consultoria imobiliária, esse quadro está provocando uma competição cada vez maior entre as construtoras. "Quem oferece mais vantagens ganha mercado", afirma.
O público-alvo desses empreendimentos tem sido o pequeno e o médio empresário. As ofertas de conjuntos comerciais com 40 m2 de área útil, em média, têm liderado os lançamentos.
Segurança
A falta de segurança das cidades é outro grande aliado desses condomínios, segundo Cordeiro.
Ele faz uma comparação com o centro da cidade de São Paulo, que dispõe de uma série de serviços, mas é inseguro, sujo e cheio de moradores de rua.
"Isso sempre deixa as pessoas com medo de sair da empresa na hora do almoço", afirma.
José Romeu Ferraz, 40, vice-presidente do Sinduscon-SP (sindicato da construção civil), também afirma que o maior benefício desses empreendimentos é a segurança. "Como os custos são rateados, é possível ter um serviço melhor."
Ferraz afirma que os condomínios empresariais representam um novo nicho de mercado que deverá ser explorado pela construção civil. Mas, pela escassez de grandes áreas livres na cidade de São Paulo, eles não serão em número elevado.
"As marginais são os únicos lugares que dispõem de terrenos para a construção de condomínios".
Cordeiro afirma que a desvantagem dos condomínios está na localização. "Normalmente eles são afastados dos centros. Por isso essa infra-estrutura toda."
O cirurgião plástico Carlos Del Riño Roxo, 43, que comprou um conjunto no Barra Plaza (misto de shopping e escritórios), na Barra da Tijuca, na zona sul do Rio de Janeiro, afirma que, apesar de o empreendimento oferecer uma série de serviços que ele provavelmente não irá usar, essa infra-estrutura pesou na sua decisão de compra.
"A apresentação do prédio, a arquitetura, tudo isso me levou a escolher o Barra Plaza, depois de ter visitado mais de dez prédios comerciais na cidade."

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