São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
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Jiu-jitsu conquista garotas

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

A busca de um corpo perfeito tem incentivado garotas com idades entre 14 e 22 anos a dividir com os rapazes os tatames das academias cariocas de jiu-jitsu. Única instrutora da arte marcial no Rio, Leka Vieira, 21, começou a aprender a técnica com um motivo: queria perder peso.
Leka é uma versão carioca de Demi Moore no filme "Até o Limite da Honra": os cabelos são quase raspados, os olhos são azuis (graças a um par de lentes de contato) e o corpo tem músculos bastante definidos.
Há cinco anos, ela procurou uma academia em Copacabana (zona sul) preocupada com o excesso de peso -tinha 11 kg a mais do que seus atuais 55 kg. "Sempre fui muito vaidosa e estava muito gordinha. O jiu-jitsu me ajudou a emagrecer", conta.
Havia também a preocupação com a segurança. "Queria saber me defender caso sofresse alguma ameaça. De estupro, por exemplo", diz.
Hoje, a luta marcial virou uma espécie de mania entre muitas adolescentes cariocas.
Leka ministra aulas para quase 50 meninas, todas preocupadas com a forma física, que têm como objetivo conseguir um corpo parecido com o exibido pela professora.
"Vinha aqui para acompanhar meu irmão menor e comecei a olhar as aulas da Leka. Reparei que todas as meninas tinham um corpo muito legal e resolvi fazer também", diz Luana Melansky, 14.
"Gosto de cuidar do corpo, de usar lentes azuis e de me sentir bonita. Para manter isso, não fumo, não bebo e treino seis horas por dia, além das aulas que dou", conta Leka.
Ao contrário do que acontece com muitos dos lutadores, que ganharam a fama de serem violentos, as lutadoras de jiu-jitsu não gostam de brigas nem têm a preocupação de exibir sua força.
"Somos calmas, ninguém está aqui aprendendo a lutar para depois sair brigando nas ruas", diz Patrícia Pinho, 21, filha e irmã de instrutores de jiu-jitsu.
Mas as meninas não escondem que o fato de que praticar um esporte pouco convencional para mulheres tem outras vantagens além da estética.
"Claro que aumenta o interesse dos meninos. A gente anda na praia e eles ficam olhando. Alguns se aproximam e começam a puxar conversa a partir do jiu-jitsu", afirma Leka.
Outra vantagem é lembrada por Patrícia. "Mesmo que a gente não faça nada, não use a luta de jeito nenhum, as meninas respeitam muito a gente. Ninguém olha para namorado de lutadora", diz.

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