São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CDHU SOB SUSPEITA

Reportagens da Folha trouxeram à luz práticas suspeitas no âmbito da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), subordinada ao governo estadual paulista.
Espera-se uma apuração rigorosa dessas suspeitas, principalmente levando-se em conta que no Brasil já é bastante maculada a história das relações entre poder público e empreiteiras da construção civil.
Em pelo menos 13 terrenos adquiridos pela CDHU para a construção de casas populares houve superfaturamento. Num dos casos, o governo pagou nada menos que 1.955% a mais em relação à compra anterior.
O governo comprou terrenos das empreiteiras sob a condição de que elas assumam a construção dos conjuntos habitacionais. O programa foi implementado por Goro Hama, integrante do comando da campanha eleitoral do governador Covas.
O sobrepreço constatado em vários contratos não se justifica como correção monetária ou por oscilações do mercado. Afinal, na maioria dos casos suspeitos o prazo é muito curto entre a compra do terreno e sua revenda ao governo.
A direção do CDHU alega que o preço do terreno, assim como o dos demais insumos das obras, não lhe concernem, atentos que estão apenas ao preço final das unidades.
Mas é discutível que terrenos sobrefaturados não inflacionem o preço final. E se este é igual ou até menor que o preço de mercado, mesmo com o sobrepreço nos terrenos, como alega o CDHU, urge dar transparência às planilhas de custo que amparam tal milagre contábil.
O Ministério Público já abriu inquérito para apurar as supostas irregularidades. O Tribunal de Contas do Estado acaba de aplicar multas ao presidente e a um diretor do CDHU, por insistirem no sistema batizado de "Chamamento Empresarial".
Enfim, é recomendável cruzar os nomes das empresas que atenderam ao programa com o das que responderam ao chamamento por fundos na campanha eleitoral tucana.

Texto Anterior: OS BANCOS NA CRISE
Próximo Texto: Ao sucessor, as duplicatas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.